20 de nov. de 2008

Mudei de endereço


anotem o novo endereço

http://insoniaregistrada.blogspot.com/

8 de out. de 2008

Então tá

Pronto não tá.
Mas meu vício agora é escrever, tenho dúvidas em relação ao futuro do meu novo blog. Não sei se troco os poemas no canto da tela uma vez por semana, todo dia, ou nunca.
Não sei se paro de postar meus poemas, meus textos voltados à mim mesma. Se passo a escrever apenas contos, crônicas e fábulas. Se tomo seriedade e vou escrever sobre política e outros quinhentos.
Enfim, pronto não tá (2).
Mas como o meu vício agora é escrever (2) não tenho conseguido passar dias longe do blog, este tempinho me rendeu 4 músicas por encomenda, 9 poemas por livre epontanêa atoice, 5 crônicas, 2 contos e 1 carta.
Exclamação. (meu blog devia ter chamado isto, agora é tarde já tá montado) e chama Insônia Registrada, o nome surgiu da idéia de 'não durmo pensando em coisas pra escrever, depois escrevo no blog'.
Que saudades vou ter desta forma direta de escrever que vou mudar =/.
Vou passar o novo link rápido, por enquanto só dois posts, outros à caminho por vir.
Ainda pretendo trocar o cabeçalho se a bina coperar, e postar mais textos (caso eu não morra hoje).
Vai lá, até bom que dá pra descobrir seu tempo de vida. Corram, inexistentes leitores.

Clicaqui e varalá

6 de out. de 2008

Caros amigos,

É com muito pesar que venho lhes dizer que estou apagando este blog por que falei mal do Aécio em um post e ele mandou eu apagar dentro de 24 hrs. Tôdebrinks.
Vim informar aos chatos de plantão que não tem mais nada a fazer e ficam me perguntando de 3 em 3 dias se não vou postar nada no blog que eu to fazendo um outro blog (bem devagarzinho), tava pensando se vai chamar RBD pra eterninade ou Higth School Musical é o que há. Responde aê via comentário garela!
Tô cheia de graça hoje, mazein.
Só isto vim avisar que este blog vai ficar aqui eterno, mas não escrevo nele mais e tô fazendo um novo, assim que tiver pronto eu venho aqui e ponho o link.
Fui, enquanto isto vão ler a revista Brasileiros, ou a CULT, ou a Piauí e me deixem em paz, mandei a real, falo mano brow dos morro tudo.

28 de set. de 2008

Todo carnaval tem seu fim

Meu time é uma merda! Meu time arde! O Cruzeiro devia acabar. Esta porra deste time só me dá raiva. Adeus campeonato, volta as camisas brancas e azuis pro fundo da gaveta até o final do campeonato mineiro de 2009.
E sabe o que mais, este blog é um cu bem grande. Nunca fiz uma postagem de verdade, o que era pra postar eu joguei fora. (mais um gol no cu do goleiro Fábio do cruzeiro).

Declaro o greve no meu blog.

26 de set. de 2008

Trauma

Tudo começou assim:
Eu bati a cabeça cem vezes na parede até que sangrou, enquanto mais jorrava sangue mais eu me divertia batendo a cabeça na parede era meio masoquista, mas eu nem ligava. Fazendo ou não no outro dia eu certamente me arrependeria mesmo. Fui curtir o momento, quando tinha muito sangue, a cara já estava toda cortada e inchada comecei a escrever com o sangue no muro, primeiro por intuito escrevi meu nome bem grande ocupei o espaço quase todo: Lílian Moreira de Alcantara, assim sem acento no CAN de ALCANTARA porque é erro do cartório. Depois que fui pensar que devia fazer algo melhor, desenhei em tamanho médio um sol assim meio de lado, mas sol era feliz demais pra ser escrito com sangue, então desenhei debaixo uns escravos suando de trabalhar, nisso o sol passou a ser um obstáculo. Depois um pouco menor que este desenho fiz o segundo em baixo do "lian" que era uma faca com um corte e ela sangrava, bem minha cara né? Uma coisa irônica suficiente pra vir de mim.
Andei até o final do muro, o último espaço branco... fiquei ali pensando e pensando o que fazer, até que resolvi tirar a minha blusa ensanguentada e carimbei a parede com ela, ficou bom. Vesti a blusa e fiquei pensando como faria pra ir embora sem ser abordada na rua por algum idiota perguntando o que tinham feito comigo, entrei num matagal que tinha ali perto e de sorte vi um riachozinho passando, era pouca água, ralo demais, mesmo assim eu ajoelhei nas pedras do fundo e abaixei o rosto pra me molhar, não adiantou muito, nem correnteza tinha pra tirar o sangue seco. Então virei de costas e deitei no rio, senti a água desviando pra continuar a descer, fingi fazer um anjo na neve e uma pedra arranhou meu braço, vi o fiapinho de sangue dissolver na água até que uma voz me alertou:
_ Este rio tá todo sujo de sangue, alguém ta jogando carne velha lá em cima, vou lá ver.
Levantei correndo e sai pra perto do muro, virei a esquina a toda velocidade e comecei a correr pro lado que tinha menos pessoas, passei por uns assustados que ameaçavam a me parar pra perguntar o que era, eu corria tanto e tanto, sem ao mínimo saber pra onde estava indo, comecei a sentir cheiro de porco queimando (quando estão matando o porco) e parei. Coloquei as mãos no joelho encurvando um pouco, respirava forte, passei a mão na testa e vim rápido contar.

25 de set. de 2008

Até o bom é ruim

Um William que não era Shakespeare, disse que desde a primeira vez que conversou comigo entendeu que eu era especial, fingi que não percebi que disse que eu tinha Síndrome de Down e continuei a vida. Tempos depois, dias talvez, esta frase começou a tomar conta da minha rotina.
Em variadas situações diziam ela pra mim, em sentido de agradecimento, raiva, compreensão ou o que fosse, eu era especial. No sentido de exceção ficou mais forte, e não parei de ouvir até hoje. Talvez seja muita falta de modéstia dizer que eu sou uma das poucas pessoas no mundo que odeio pensar em mim, meu defeito é o contrário. Quero cuidar da vida de todo mundo que me ronda (no bom sentido que isto tem) e que cuidem da minha pra mim.
Quando vejo que as pessoas reclamam de seus amigos cavucando com a unha o próprio umbigo e esquecendo do resto todo eu vejo o tanto que as pessoas são medianas. Não querem que eu cuide apenas da minha vida, mas também não querem que eu fique por conta delas, mas ainda querem que eu esteja sempre disposta quando elas me chamam.
Assim como não querem uma vida perfeita demais porque cansa, mas problemas demais causa depressão. Não querem muita festa, nem nenhuma. Não querem ficar bêbadas de amor, também não querem um amor leve demais, nem um muito perfeito exatamente no meio. Querem ser amadas pelo lado oposto, amar o lado oposto, e que nenhum dos dois seja excessivo, muito menos os dois juntos.
Se todas as coisas fossem medidas numa régua de 10 cm, ninguém ia querer a sua no 1, no 10 nem no 5. E os pontos de marcações deveriam variar de vez em quando pra ultrapassar a mesmice. É um caos tentar fazer alguém feliz, maior o caos tentar ser feliz.
Depois disto vem aquela vontade de mudar tudo, apagar tudo que é seu, apagar a memória, os textos, tudo que te demarque e recomeçar tudo. E sempre tem um palhaço que se planta na sua frente dizendo que você tá tentando um suicídio biográfico e "qual é o problema?", você pensa, pensa, não acha problema algum e senta, não faz nada.
O problema é que não tem problema. Não ter problema é um problema tão grande quanto ter muitos problemas. Porque se tá tudo muito bom, tudo muito bem, qualquer coisinha te tira do sério, te mata, te ressucita, te come, te vomita, te adoece e te sara. Quando não se tem nenhum problema, a roupa sujar na hora de sair é o cúmulo, é algo que parece só acontecer com você, e acaba com o resto do seu dia.
Não ter problema é vasculhar seus dias, minutos, segundos, atrás de um. Não te serve seus pais aceitarem tudo que você faz, seus amigos não te darem dor de cabeça, tudo ser muito bem discutido e o seu lado sempre vença. É um absurdo que ninguém questione o que você faça, será que te acham um gêniozinho ou uma anta tão grande que tornou-se indiscutivel?
Você no fundo, quer enlouquecer.

Segundos antes de morrer

Segundos antes de morrer. Você literalmente vai largar tudo que fez a vida inteira, é como se tudo tivesse valido a pena e ao mesmo tempo nada valeu a pena.
Segundos antes de morrer você percebe que não ter ganho uma boneca que fala não tirou sua infãncia. Ter ganho um jogo de tabuleiro também não te encheu, nem mudou sua vida. Cada pessoa que você conversou pode até ter te dado felicidade por uns segundos. É que segundos antes de morrer elas não são capazes de te curar, te sarar, de segurar e não deixar que você se vá.
Segundos antes de morrer (tô repetindo propositalmente) nada que você aprendeu pode mudar. Segundos depois vem a morte. Se de algumam forma você escapa delas seus segundos não foram "segundos antes de morrer", foram "antes de sobreviver".
E aí como é? Passa sua vida inteira em flash back, e depois você fecha os olhos e dorme para sempre. Toda sua vontade de viver faz com que acredite naquele último segundo numa vida pós morte, por que é ridículo demais largar tudo tão assim. E o médico da semana que vem?
Por que eu nem morri e sei tudo isto? E se é totalmente diferente? Alguém que estava morrendo já descreveu como é morrer?

Segundos antes de não morrer.

24 de set. de 2008

Dá um tapa no meu olho

A única verdade de fato existente é que não existe verdade alguma. O mais próximo de verdade que pode exisitir são fatos verídicos se analisados de um certo ângulo. O mesmo fato quando analisado em diferentes ângulos tem em si várias verdades.
Se as verdades são diferentes e opostas num mesmo assunto, nada pode ser dado como verdade, tudo seria apenas pontos de vista. Sendo assim a minha conclusão de que: a única verdade de fato existente é que não existe verdade alguma, só seria verdade se olhado neste sentido que olho. No mesmo sentido porém em outra direção ele seria uma conclusão breve sobre poucas inverdades.
E que ninguém entenda mesmo.

Se você está triste
E lhe falta alegria
Quer viver sem melancolia
Vem comigo
Vou te ensinar
A canção da felicidade
Pom pom pom
Bate as asas
Mova as antenas
Dê-me as suas patinhas
Um vôo aqui
Um vôo ali
De braços dados nos podemos ir
Pom pom pom

Agora dá logo um tapa no meu olho.

21 de set. de 2008

E já nem escrevo mais



Escrever é uma tarefa árdua, não há quem desculpe seus erros ortográficos ou entenda sua falta de criatividade por uns dias. Nunca ninguém vai procurar ler seus textos comparando com os momentos de sua vida. Simplesmente acham que você traduziu, sem nenhuma falha, uma idéia ou uma paixão num monte de palavras sujas, que se empilham nos arquivos do computador ou mesmo de seu blog.
E nesta transição de leitor eterno, para libertadora de palavras (e não me venha com a palavra escritora que não encaixa) você se cobra em dobro, não é só por querer escrever cada vez mais e sentir necessidade disto, nem por não querer deixar vago os dias, e ver o contador de visitas aumentar cada vez mais lento, porque perderam as esperanças de ler algo que realmente os interesse.
Nesta busca amarga pelo que escrever a ambição pela vida alheia aumenta. Vida alheia que nos parece sempre cheia de coisas interessantes para escrever, fatos realmente empolgantes e inspiradores para que escrever textos melhores. Neste incansável interesse por todas as vidas que te rondam a tendência de querer observar mais de perto aumenta. Aos poucos todos que escrevem abertamente sobre suas vidas tornam-se textos, e apenas textos para você.
Se perde em ler blogs, flogs, orkuts (depoimentos, perfis, recados...), e quando nem isto é sulficiente para se informar sobre vidas que você passa a tomar como sua, você abandona as palavras escritas e procura seus escritores no youtube: entrevistas, textos caseiros, festas, montagens, ou o que for. Seus dedos têm sede de informação, suas idéias precisam se esquivar, e a vida alheia passa a fazer parte da sua.
E quando (eles) resolvem passar uma semana sem postar nada, sem lhe mandar novidades (mesmo que não saibam que você os lê o tempo todo) acaba ficando assim, os textos vão sumindo, quando resolve postar algo acaba postando coisas velhas, poemas chulos, vídeos que todo mundo já viu, seus textos que ficaram tão ruins que você nunca mostrou para ninguém. E assim se esvai cada comentário, cada visita, cada um que tenha vontade de te ler.
A culpa é da sua tendência de bebericar-se dos textos alheios antes de escrever. É uma fonte de inspiração viciosa, e te culpam por não ter o que escrever. Num ato de desespero tomamos rumos de escrita que acabam com toda a carreia não iniciada. Enchendo os textos de pontos, vírgulas e sem nenhum travessão, acaba-se por entulhar mais ainda o arquivo de seu blog.

- O silêncio da casa é corrosivo. -

14 de set. de 2008

Então, fica assim

Cansei dos poemas abaixo. Achei uma antigüidade.

Quando não tiver nada pra fazer tente conversar com você, não é por angustia, nem por prazer. É só porque não tem nada pra fazer.
Quando o dia amanhece e o sol não quer te ver, parece até que vai chover.
Eu sei que quem conjuga o verbo sou eu, mas eu não posso ensolarar. Quero o dia no meu bolso, a noite no meu carro e tudo a girar.
Dependo da química, da fisica, e da TV. Eu amo minha irmã, os meus pais e você.
Já me deram um cigarro, e eu nunca fumei. Já me venderam roupa suja que eu nunca usei.
Quando eu sento na mesa, é hora de almoçar. Quando deito na cama, é hora de rezar.
Aprendi quando criança que depois, o troco e vingança.
A vida é pesada, quase ninguém agüenta, tem uns que morrem jovens, outros morrem aos noventa.
Tem bebida que é quente, tem comida que é fria e tem quem não se enche.
Música que não tem fim, história com estopim e gente que não gosta de mim. Tudo sempre ocorre assim.

Estranho como este meu texto antigo me parece tão presente. Vida igual roda-gigante, gira gira e você tá presa no mesmo meio, no mesmo lugar, tá parada.

12 de set. de 2008

Dá-lhe poemas

Uns poeminhas que achei remoendo meus rascunhos. Vou postar só pra desacumular os papéis em cima da cama. Mas são chulos, não precisa ler.

Canção de Bolso

Carrego uma canção no bolso
Que pra Marte eu vou levar
Quem compôs foi a despedida
E em cada verso eu vou lembrar

Vindo em minha direção
Chorou ao dizer
Embora tinha que ir
Meus olhos, se encheram de pranto
Meu sorriso então se foi

E no sopro da sua voz
Se foi todo o meu rancor
Não havia dúvidas
Ali se fora mais um grande amor

Carrego uma canção no bolso
Que pra Marte eu vou levar
Quem compôs foi cada esquina
Que derrotou aquele lugar
Em cada dose de bebida
Se ia um pedaço do luar

Nem cachaça, nem vinho
Tirava de mim a dor do partir
Eu não sabia se você ia sentir
Tanta falta quanto eu
Eu nunca entendi
Parece que cada sorriso
Tem um moinho pronto pra destruir

E o sonho se acabou, você pra sempre se foi
E eu aqui fiquei
Você pra Marte e eu pra Jupter
Acabou como uma canção
_ Meu amor não vá embora
Só pensava nisso aquela hora.
E partiu meu coração

Carrego no bolso uma canção
Que pra Marte eu vou levar
Se é você que vai pra lá
Se é eu que vou ficar
Não tem a menor explicação

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Anjo Bulbônico

Ai aparece aquele anjo bulbônico
Que pra ajudar precisa atrapalhar
Joga tudo que é verdade na sua cara
E mostra o caminho que vai ter que percorrer
Mostra que pra ser feliz precisa abandonar você
E cada felicidade cheia de defeitos
Que eu até gosto mas só trás prejuízo

E é por esse meu orgulho que te ligo
E peço pra não tentar voltar
Quero seguir a minha vida
Botar cada coisa em seu lugar
Quero seguir a minha vida
Botar cada coisa em seu lugar

E ai a vida vira
A Terra gira
Semana que vem volta
Semana que vem vai
Eu sou seu anjo bulbônico
E te peço pra não tentar voltar
Não tentar voltar

Eu vou seguir a minha vida
Por as minhas coisas no lugar
Espero que você faça o mesmo
E de mim leve apenas o fugaz
Me desculpe mas eu quero ser feliz
E com você não dá
E sem você não dá
Desculpe meu anjo
Mas sou bulbônico e não vou voltar
Mas sou bulbônico e não vou voltar

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Crer

Crer. Crer em Deus
E em não sei o quê
Crer. Crer em mim
E em você
Crer. Eu já não creio.

Porque era só uma criança feliz
E você creia ou não
Ela morreu
Creia.
Ela morreu dentro de mim
e não consigo tirar seu corpo

Crer. Crer em Deus
E em não sei o quê
Crer. Crer em mim
E em você
Crer. Eu já não creio.

Porque era só mais um amor
E quer você creia
Quer não creia
Se acabou na crença
Porque era mais fácil crer que a gente era feliz
Mas de crença a igreja ta cheia
Cheia de aleijados esperando a cura

Crer. Crer em Deus
E em não sei o quê
Crer. Crer em mim
E em você
Crer. Eu já não creio.

Porque quer você creia ou não
Falam do criador
E eu já não creio mais
Porque quem cria dizem que é Ele
E se eu destruo
Sou o satanás

E vejo tanta gente morrer na fé
Quantas vezes vou ter que repetir
Que crer, já não creio mais.
Não creio que amanhã o sol vai nascer pra mim
Porque hoje eu posso morrer

Não creio que amanhã o sol vai nascer pra mim
E eu vou me esconder
Crer, já não creio mais
E não me chame de satanás

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Eu quero é gritar

Me arraste daqui
Já não quero, já não penso em ficar
Me leve daqui
Pr’uma esquina
Quero a mesa de um bar

Me arraste daqui
Não vou pra longe
Mas também não quero ficar perto
O mundo desabou
E a culpa é minha

Não prestei atenção
Na sinalização
E agora o mundo acabou
Quero beber em um bar
Quero esquecer e lembrar

Me arraste daqui
Já não quero, já não penso em ficar
Me leve daqui
Pr’uma esquina
Quero a mesa de um bar
Quero a bruma da noite

Eu quero beber
Eu quero entornar
Não basta essa brisa
Pra me molhar

Eu quero me perder
Vou me esquecer jogada um canto
Eu quero gritar
Eu quero gritar

Mas na parede em um retrato
A sua foto pede silêncio
Eu quero é gritar
Eu quero é gritar

Me arraste daqui
Já não quero, já não penso em ficar
Me leve daqui
Pr’uma esquina
Quero a mesa de um bar
Quero a bruma da noite

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O mundo se divide em quatro

O mundo se divide em quatro partes
Cachorro que não mama não faz arte
O abstrato em chamas
Quando o circo pega fogo
Cachorro que late é bandido
Bota fogo no pano, é palha
Palhaço, o meu coração ta num regaço

O mundo se divide em quatro
É parede, cama, teto e quarto

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Poema de bolso II

A cara pintada no espelho
Um cigarro no canto da boca
Se o teu corpo é quente
E a minha mente é fria
Outra hora a gente põe isso no morno
Mordomia
Pra tudo que eu faço
Tem sempre um palhaço
Pra perguntar o porquê
Não faça dos miolos a tripa
Que o coração dissipa
Larga a bobeira de ser mão
Porque a mão que é bobeira perde a estribeira

(acho que este já foi postado)

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Lorotas de um ser

Mundo pago
Mundo vago
E sem razão

Munto otário
Cabe dentro do armário
A minha solidão

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Fim!

Contra a Ló

Não quero mais fazer deste blog um diário indireto, por isto tenho diminuido meus textos, estou controlando parte da vontade de escrever, centrando minhas forças em uma narrativa extensa que costumo chamar de livro (como vocês podem perceber não me libertei do "jeito diário de escrever"). O nome deste livro veio num texto que eu estava rascunhando por aqui, Contra a Ló. Esta palavra "ló" andava me perseguindo, cheguei a usá-la várias vezes sem conhecer seu sentido, eu inventava os sentidos pra que ela se encaixasse no meu texto, e como magia tudo deu certo. Eu usava num sentido, figurado, correto. Depois que olhei no meu fiel dicionário online da priberam:

Ló : O lado do vento; parte em que se arrumam as velas de um navio.

Descobri que não precisaria de título melhor, e do título
saiu o livro inteiro. Peço desculpa aos que andam reclamando da minha mudança de tom ao escrever, sei que estou viajando pouco, realista demais, e crítica. Pareço um jornal.

(talvez por isto à foto ao lado, troco minha cara por um jornal.)

E para os poucos curiosos sobre como anda meu livro vou colocar aqui alguns trechos:

Meu nome já nem sei, talvez me lembre ao decorrer deste livro. Escrevo desde muito pequeno, acho que comecei aos sete anos de idade. Sempre gostei de ler e de escrever, queria seguir carreira musical, não deu, não tenho talento algum. E num impulso, só pra não ficar parado comecei a escrever e me intitulei escritor, poeta, ou como queira chamar. O fato é que pra isto também não tenho dom, nem uma boa editora. Só tenho um sobrenome de peso. Alvarenga. Herdei da minha mãe, Vivian Alvarenga. Uma das maiores escritoras que passaram por aqui.

(Pausa para uma tragada no cigarro).

Não sei porque resolvi escrever este livro (...)
Inicio a partir de hoje esta história em terceira pessoa, de um ser que mora dentro de mim, não sei se é personagem ou um dos lados da minha personalidade. Traços auto-biográficos e ao mesmo tempo ilusões, reflexos da minha adolescência, passado.(...)
Mas, voltando ao livro. A história da minha personagem, começa num museu, onde acontece a primeira desgraça de sua vida. Levando em conta que esta personagem é parte de mim sabe-se também de seu terrível passado, com traumatizantes perdas e outras coisas citadas ao longo do livro.

(escorre a primeira lágrima)
(...)
Todos os flashes passavam na sua cabeça, era impossível acreditar que ele tinha morrido. Por um momento até em Deus ele acreditou, por que é incrível alguém morrer, nunca mais o encontraria nem por acaso, não adiantaria esperar suas ligações, e o pior talvez, é que quando terminasse de jogar a terra toda não teria quem o consolasse.
Pensou tanto que nem percebeu que já estava diante da cova, terminaram de jogar a terra, o padre falou algumas palavras que ele nem conseguiu ouvir. Não dava pra pensar em outra coisa, era fatal. Ele já acostumara com aquele filme, mas não aprendia nunca. Queria se matar.
Tava na hora de passar do querer, ele sempre quis tanta coisa e ficou se freando por isto e aquilo, já não tinha mais o que perder.
Chegou em casa aos prantos, foi direto pro seu quarto. Como se tivesse alguém em casa fechou a porta do quarto com chave, tirou um cigarro de maconha do bolso, acendeu e começou a apertar. Abriu a porta do guarda-roupas tirou lá do fundo uma pedra de crack, misturou com um pouco de álcool e cheirou, foi um baque só.
Quando acordou estava no hospital, não sabia como alguém tinha entrado em sua casa. Entendia perfeitamente o que tinha acontecido.

A história do livro é bem complexa, passa por problemas e mais problemas, é tudo muito confuso. Por enquanto vou postando trechos aqui, e se alguém quiser revisar pra mim e preferencialmente mandar pra uma editora bacana depois (haha), até o fim do livro.

11 de set. de 2008

Brasil, o País do Futuro

O que eu posso esperar de um país que o presidente vira celebridade nas revistas e jornais por ter tirado uma foto com a mão toda suja de petróleo? As frases questionáveis ditas por ele no dia da tal foto ainda ecoam por nossas cabeças, de tanto que foram ditas.

"Mas o governo aparentemente conseguiu impor o seu discurso, produzindo fatos – nem todos importantes – em número suficiente para dominar a cobertura." (Observatório da Imprensa)


Mais do que espero pelo país regido por um semi-analfabeto, eu deveria esperar pela seleção brasileira do grande técnico Dunga. Que começou no vanglorioso time da, do, de, aah sim ele nunca foi técnico. Nosso semi-analfabeto do futebol.

"Muito vaiado pela torcida, que o chamava de burro e gritava “adeus Dunga” durante boa parte do jogo contra a Bolívia, o técnico da Seleção Brasileira disse que a ansiedade foi o principal problema da equipe, que empatou em 0 a 0 com a última colocada nas Eliminatórias." (JB Online)

Realmente, devo esperar muito do país que:

"No caso dos grampos telefônicos, a imprensa tem dado muita importância a detalhes fornecidos por autoridades: o Exército tem equipamento para escuta, o ministro da Justiça apresentou um projeto de lei para aumentar a punição a quem pratica bisbilhotice ilegal, e assim por diante. (...) Uma lei já existe e foi violada. Trata-se de saber quem cometeu o crime de bisbilhotar o presidente do Supremo Tribunal Federal e um senador e quem pode ter sido o mandante ou beneficiário dessa malandragem. O resto é secundário, mas esse resto vem sendo noticiado como se fosse o grande assunto" (Observatório da Imprensa)


Se pensarmos num passado não muito distante, encontramos problemas graves de corrupção na política. Sem contar com a vergonhosa educação das escolas públicas, e de alunos que nem nas escolas estão, uma das maiores "empresas" no Brasil hoje é o tráfico de drogas
. Ficar falando dos problemas e problemas deste país, em época de eleição ainda, é quase um atentado. Mas é bem indignante ouvir dizer que o Brasil é o país do futuro. Aliás de que futuro estamos falando? Com o alto índice de analfabetismo (que insistem em dizer que é baixo) talvez o futuro seja mais presidentes de instigante inteligência como o atual. Não sei se dói mais viver no país do samba (tudo acaba em samba mesmo) ou estar nesta experiência única de ver os pobres de direita, apoiando governantes que não lhes dão nenhuma estrutura, além de uma esmolinha básica. Aliás, aqui a classe média é a única esquerda, e mesmo assim inativa.

E é assim, o país do futuro.


10 de set. de 2008

Dois Conceitos Numa África Só

Temos duas Áfricas, e as duas são uma só.
Poderiamos separar os clichês da África em dois: cultura e economia. Quando se pensa em cultura africana vem na cabeça uma Bahia gigante, Candomblé, Maracatu, bumbo e capoeira. Cores vivas, gente feliz, muita dança, toda aafro-cultura feliz que conhecemos.
Ao mesmo tempo tenho em mente uma África triste, das crianças passando fome, das diversas doenças, uma áfrica triste de grandes desigualdades sociais, desnutrição, doenças, pobreza. Muita gente triste.
Nunca estudei a África a fundo pra saber qual é a porcentagem de gente feliz, qual a porcentagem de gente com fome. Quem manda em quem e por que. Não sei nada sobre a África. Mas é que eu me assustei hoje, fui procurar um vídeo sobre Maracatu pra trazer felicidade e encontrei um vídeo sobre fome.
Não devia falar disto aqui, aliás nem devia postar nada hoje, no mínimo vou colocar uma música da Nação Zumbi e um outro. Constraste de sintomas muito grande pra quem assiste em seguida. É isto, tô me perplexa pra ficar escrevendo.

- Vou tentar me centrar no meu livro, e quem sabe daqui uns dias eu posto alguns trechos aqui pra dar uma atualizada. :D
( ou posto um texto digno)
Fiquem com os vídeos youtubianos:



8 de set. de 2008

Mais uma vez, eu sei

Eu queria largar toda a formalidade, bondade, educação, meu senso. Esquecer tudo que meus pais me pediam, tudo que a escola ensinava, o que a religião impunha, o que as leis mandavam. Era uma revolução particular, eu queria mesmo era sair à toda velocidade, arrancar os freios para que que não me arrependesse depois e parasse.
Sem medo algum de atropelar alguém eu queria fazer meus dreads, fumar uns baseados, cortar meus pulsos à ferro quente. Queria brincar de roleta russa com a morte, dar o nó nos pingos de água, queimar meu passado contra a ló.
Comparar a vida com navios flutuantes que derrepente afundam, ou com carros de corrida que só param quando vencem tinha virado uma rotina. Por fim, eu já tinha perdido tudo que tinha. O que não perdi, fiz questão de abandonar. E como faz quem não tem mais nada a perder, coloquei o que eu tinha em jogo (a sanidade). Apostei o resto das minhas fichas num jogo que não tinha vencedor, ainda assim perdi.
Loucuras, de uma cabeça em plena insanidade. Acabei fazendo tudo que eu tinha direito, e o que não tinha também.
O caminho mais fácil para se quebrar as regras é não acreditando nelas, ignorando-as totalmente. Realmente precisei esquecer que elas existiam. O tal de Deus era mais uma mitologia pra mim estudar, as menor idade era uma idéia comum para pessoas jovens, e a liberdade sim era um futuro, uma crença, um objetivo pelo qual eu ultrapassaria qualquer barreira para conquistar.
E ultrapassei. Fiz da religião minha piada matinal, dos meus pais um obstáculo, da minha irmã uma convivência insuportável a mais, amigos eu praticamente não tinha (fiz questão de quebrar todos os vínculos). E quebrei estes vínculos por que não poderia sentir saudade, a vida tinha que estar desgraçada sulficiente para que eu não tentasse voltar atrás.
E eu fui com toda a fé. Num último passo rumo à minha tão aguardada liberdade entrei naquele ônibus, levei todo dinheiro que encontrei pela casa. Passei uma semana fora, mas só algumas horas longe do rastreador da minha mãe. Foi no mínimo uma semana de consciência. Eu sabia que se eu não quisesse voltar pra casa eu não voltaria, e eu decidi voltar.
Voltar por que se tinha dado errado alguma coisa aqui atrás tinha ficado. Foi um momento de lucidez, um único. Não tenho tanta vontade de ir mais, nem de ficar se quer mesmo saber.
Serei lembrada eternamente como a prima que fugiu de casa, a menina da sala de não-sei-quem que largou tudo, a loca que deu a loca.
Nessa vida breve e intensa, como já dizia Cazuza, eu quero mais é correr perigo. Sinto um êxtase pelo perigo. O frio na barriga é sempre bom. Tudo que é intenso é melhor. Não sei, ando confortável demais para escrever. Já prometi largar este blog por uns tempos. Entediante!
Desta vez vou entrar pela tela do computador e sair dela. Pra não sentir mais vontade de ficar aqui, cara a cara com uma tela tão mutável. (haha, piada interna).

7 de set. de 2008

Sem contexto algum. Carimbado o fim.

Não foi uma tirada, embora fosse um indireta. Uma observação talvez.

( mas ainda não estamos salvos o ar está pesado)

E dizem que sou louca, por pensar assim, por escrever assim. E ainda há quem leia.
Tentam incansavelmente tirar proveito do nada que fala com este turbilhão de palavras que vêm a minha mente. É tudo prolixidade. Aquela arte de dar voltas, usar milhões de palavras, e não chegar em ponto algum. Esticar demais para falar algo simples.

(tem sempre um lugar onde você não está)

Passo horas tentando decidir se vou estudar, ler, me informar ou divertir.

(o pensamento é a guerra a guerra civil do ser)

O som: meia altura.
Os blogs alheios: desatualizados
O msn: desconectado
O orkut: desorganizado
Os livros: todos empilhados

(foram frases decoradas, tristes e sagradas)

Não sei por onde penso, no que me inspiro e se tenho conclusão no fim. Ao som louco de Cazuza fui abduzida por nomes que não sei o significado. Queria ter nascido na índia, mas isto nem interessa.
Ando muito insensível para escrever aqui.

(volto à lucidez)

Toda vez que forço pra escrever algo, empilho merdas em forma de letras. Minha caligrafia greco-romana e medicada. Escrevo como bula de remédio. Ás vezes como andróides sem par.

(Não me subornaram será que é meu fim?)

Meus textos têm piorado cada dia mais. Desde aquele 'Descanse em Paz' que não encontro lucidez nenhuma para escrever. Dou então ínicio às minhas férias sobre meu blog. À partir de hoje tenho novos compromissos, novas rotinas. Este é meu ilusório fim do apego à internet.

Termino então ao melhor do som de Cazuza: ...são todos seus cicerones, correm pra não desistir dos seus salários de fome...

5 de set. de 2008

Sem título, pode ser?

Tem um impulso querendo me fazer escrever sobre meu contagiante dia. Mas eu vou tolerar meu egocentrismo e não vou falar de dia nenhum. No máximo de uma "música" que fiz hoje, como não tenho o que postar vou postar ela mesmo.
Primeiro vieram os acordes, por espontaneidade da Benelice, depois veio a letra por explosão e grande teimosia da minha parte. Uma série de palavras que a gente precisa dar um ritmo ainda, ou mudá-las (o mais provável).
Então, sem demagogas vou postar a nossa "música" até então sem título, ou chama Dois de mim?
O fato é que ninguém vai entender o lado certo da coisa. Ainda assim, vamos lá:

Num sopro de vento
Milhares de páginas
Pela janela da casa
Saem e entram em mim
Pela sombra da vidraça na sala
A luz do sol
Fim de tarde sem mim
...
Por que foi deste jeito
Não sendo perfeito
Escapou tão assim

Já não ponho lençol na cama
Não visto pijama
Não durmo sem mim

Na segunda pessoa
Aprendi a amar
E descobri que já não há você
Só dois de mim

Para mim
Meu fundo do poço
Meu menino moço
Meu tropeço em cena
Mais que um esquema
Sempre foi meu delito
Meu ato ilicíto
E agora meu fim.

Mais poemas meus, menos cultura pro mundo.


4 de set. de 2008

Velhos e crianças, tristeza sem fim

A criança é o inverso de um velho e ao mesmo tempo perfeitamente congruente.


Percebi ao longo dos tempos que a mesma representação de limite de uma janela para aquela velhinha era a da grade do berço pra'quele bebê. A diferença, no entanto, era clara. A moça de cabelos brancos parada na janela não podia passar dali por estar frágil demais pra ficar andando por aí. E a menininha ainda sem cabelos, debruçada no berço não saira engatinhando pela casa por que ainda é frágil demais para ficar arrastando as perninhas no chão.
A velhice deve ser desconfortável, é uma solidão sem esperanças de passar. Uma fase que só se saí dela morrendo, agonizante.

[Num século em que livros de auto-ajuda são devorados ansiosamente por todas as classes sociais, sexuais e etárias. E que tiros contra o próprio atirador são desparados à todo instante. Numa era em que a "tribo" mais recente é caracterizada por cortar os pulsos e chorar compulsivamente...]

A velhice por si só, já é uma depressão tremenda. Não há esperanças pra exilar o que os velhos sentem. Todas estas pessoas que são depressivas ao extremo, por característica dos primeiros anos deste milênio, como vão encarar a dura realidade de estar prestes a morrer? Prefiro nem me indagar muito.
Ao mesmo tempo penso na criança no berço, crescendo neste mundo já tão triste. De previsões para o fim deste à todo momento, uma humanidade que depende de inúmeros remédios de tarja preta, simplesmente para dormirem ao som da respiração alta do vizinho de quarto, ou sem chorar com as preocupações dos desamores que tiveram.
Crianças que não vão ralar seus joelhos, por que os pais não estão bem para levá-los para correr e cair. Meninos e meninas que não vão vivenciar o significado da palavra "pique", por que as correrias na rua foram trocadas por manetes e teclados.
Uma sociedade cada vez mais imediatista. Se drogar vira sinônimo de se conter. Passam fome para emagrecer. Pedem à Deus que ele prove que exista tirando-os daqui. Querem acessar tudo de uma só vez, até dar pane no circuito.
E os velhos continuam na janela, admirando este movimento triste e corriqueiro, vendo tudo em preto e branco, enquanto a maior conquista de sua época foi colorir a televisão e o mundo. A turma dos caras-pintadas têm filhos que só se pintam por culpa das lágrimas que borram o lápis preto.
E as crianças da beira do berço admiram o mundo em que vão crescer. Já têm por instinto chorar para pedir, aprendem a chorar também para agradecer.



Um velho deitado no berço, e uma criança debruçada na janela. É assim que termina esta história.

O poeta está morto

O poeta morreu
Mas ainda está vivo
Cheio de dedos
Suas digitais
Marcadas no teclado

Está vivo
Na estante
Sua coleção de nãos
Todas fotografadas
Em lágrimas agonizantes

O poeta não morreu
Se é poeta
São poemas
E eles estão todos aqui
Espalhados pelo chão
Mesmo que cobertos de sangue

Tudo aqui
Lápis apontados
O copo
Meio vazio
Meio derramado

O poeta não vai acordar
E nunca mais vai dormir
Não dorme
Não vive
Não morre

Se fez imortal
Com seus poemas
De reflexos mortais
E o brilho de sua espada
Vem das lágrimas
Assim como todo os poetas
De triste se fez extinto

Quem é que escreve
De louco
Sobre o poeta morto
E quase prevê
Sua morte súbita

2 de set. de 2008

Um sonho-pesadelo

Olhei nos olhos de meu cão, que nem por um olhar me respondeu. Parei o ponteiro do relógio para olhar pela última vez aquilo em volta, parecia um abandono, não haviam sinais vitais.
Desci as escadas sem derramar nenhuma lágrima, sentia cada vez mais meu coração palpitar mais forte e forte. Abri a porta de meu quarto e num adeus em câmera lenta respirei bem fundo, para nunca esquecer meu próprio cheiro.
Queria mesmo partir a pé, mas é que "não dava pé". Quando o táxi chegou, eu já não via a hora de deixar tudo pra trás. Senti um leve vento desesperador de liberdade balançando meus cabelos. Era a minha revolução silenciosa, sem silhuetas, marchas imperiais ou tiros.
Horas mais tarde meu celular parecia um alarme de incêndio, não parava. Eu olhava os nomes e números que me ligavam, apenas por ironia. Resolvi atender uma das pessoas, e brincando com a verdade lhe enrolei de mentiras óbvias.
Confesso até ter passado por uns aflitos, um deles quando aquele rapaz entrou no ônibus procurando por uma tal Lílian, felizmente não pediu minha identidade. Me batizei então de Júlia.
Num tom meio poético, tudo que eu queria era conseguir chorar, ficar triste, angustiada, arrependida... Precisava me sentir mal, aquilo não era normal. Porém o que me tomou foi um ar não-covarde, uma felicidade contagiante, liberdade, empolgação, fiz planos pra uma vida inteira. Como viveria sem dinheiro, onde, com quem, como faria quando chegasse ao meu destino, se de lá eu partiria para outros.
Frustrante! Cheguei em Belo Horizonte sem encontrar ninguém a minha espera, pela primeira vez. Meus olhos brilharam. O coração palpitou muito forte quando pus a mão em minha mala, e antes que eu virasse num giro para pegar um táxi até a primeira parada alguém me abraçou por trás e cochichou meu nome. Era o fim de um sonho.
Com as piadas irônicas que tive que ouvir até chegar no carro, chorei. Chorei por mais um fracasso, por terem me encontrado, pelo meu futuro ser daí então menos amargo do que eu desejava. Tinha um desejo masoquista de sofrer, sofrer por fome, sofrer por frio, por saudade, por tudo que as ruas me permitissem.
Eu queria viver o que não me era permitido. Mas isto também não me permitiram.

1 de set. de 2008

Uma vida por quinze minutos de aula

Minha mãe nunca me buscava na escola, eu ia de Topic pra casa depois da aula, sentia inveja dos colegas que saiam cinco minutos mais cedo por que as mãe foram buscar. Sempre que eu precisava sair mais cedo da escola, quase nunca, e minha mãe fosse me buscar ela me avisava. Meu sonho era um dia ela me surpreender.
Foi na quarta série, eu sentava no fundo da sala encostada na porta, minha mãe chegou por trás de mim, sem que eu vêsse, e sinalizou pra professora que precisaria me levar.
A única coisa que vi foi a Tia Rosário dando seu sorrisinho meigo como quem diz sim, e olhei pra trás com olhos cansados e desesperançosos, quando vi que era minha mãe uma alegria imensa surgiu, vi todos os meus sonhos se realizando. Pensei que ela tivesse escutado meus pensamentos e tivesse resolvido fazer uma surpresa.
Guardei os matériais com a maior rapidez que pude, e abracei-a ao sair da sala. Estranhei ela sair mais cedo do serviço, mas não lhe perguntei nada. Aliás nem me lembro de conversa alguma enquando descíamos as escadas e atravessavamos a quadra, quase no final da mesma quadra ela respirou fundo e falou com voz meia engasgada:
_ Eu não quis falar lá em cima não, mas o Luis Fernando (meu primo, que estava internado ferido gravemente de um acidente de carro) morreu.
Se quer saber, não me lembro deste Luis Fernando vivo, só ouvi dizer que já o vi quando muito criança, mas eu nunca daria falta se não fosse pela quantidade de assuntos que surgiu com o nome dele desde o dia do acidente. Mesmo assim fiquei muito chateada, não pelo meu primo, mas pelo fato da minha mãe me tirar da aula 15 minutos mais cedo por um motivo justo. Ela não tinha realizado meu sonho.
No dia seguinte quando cheguei a casa de meu tio Lalado (José Geraldo) eu quis ver o caixão, pra ver se o reconhecia. Minha mãe me disse pra não ir, que ele tava muito diferente e eu não reconheceria. Mesmo assim me misturei naquele bolo de pessoas, e parei de frente ao caixão, deparei com um rosto largo e cheio de marcas roxas, parecia ter apanhado muito antes de morrer, senti uma tristeza pela sua dor.
Antes que eu me desse conta que aquilo eram as marcas do acidente, minha mãe chegou perto de mim e pegou uma foto em cima do caixão e me mostrou:
_ Ele era este daqui olha.
Minha vida inteira passou por mim e senti um frio ao ver um primo tão magro e moreno por foto ser o mesmo inchado e roxo do caixão. Perdi o apetite, e vi ele como o Jesus da minha vida, em silêncio agradeci por ter morrido para realizar meu sonho de sair da escola mais cedo. Porém, acho que meu tio nunca vai me perdoar por ter lhe tirado um filho por assuntos tão banais. Confesso ter ficado com grande peso de culpa por sua morte, e nunca ter me perdoado.

Bipolaridade é pouco

Escrúpulas idéias que consomem meu ser. Um estranho ser que nunca conheci por inteiro, não sei quem sou. Mal mal sei do que gosto, mesmo assim tenho dúvidas. Um oco me confunde, e ninguém nunca entenderá, nunca.
Coisas que eu nunca quis, nunca parei pra pensar... me tomam por inteiro num segundo só, antes que dê tempo de piscar os olhos, para não ver, já me transporto pra porta do elevador e estou lá mudando minha vida totalmente.

Nascemos uma luz branca, refletindo todas as cores. Com o passar do tempo selecionamos as cores certas e montamos nossa reflexão. Uns viram uma cor só, outros viram duas. O fato é que mesmo sendo três ou quatro cores as pessoas se misturam e formam uma imagem só, uma pessoa, uma só cor.
O preconceito é com aqueles que absorvem todas as cores e não refletem nenhuma, ou com aqueles que continuam refletindo todas pra sempre. As eternas luzes brancas quando vão de encontro à um prisma viram arco-íris. Algo mais lindo?



Num ócio sem fim sento pra escrever sobre uma infinitude de coisas que passam pela minha cabeça. Reflexos que não posso distiguir. Enquanto isto vão ecoando pelas paredes da casa a voz de dona Irene (a empregada) falando sozinha, ou melhor, com seu balde de água.

Passo horas a corroer minhas unhas tentando em vão vencer a angústia egocêntrica de falar apenas de mim mesma. Já não sei escrever em terceira pessoa, tudo parte de mim.

Você é o braço do meu abraço
E este espaço entre nossos braços

E só pioro, além de correr atrás de tudo, corro dentro de mim mesma procurando algo num vão qualquer.

trechos de rascunhos quase não postáveis

30 de ago. de 2008

Descanse em Paz


As crianças acreditam em papai noel, coelho da páscoa, pote-de-ouro no fim do arco-íris, na verdade como saída pra tudo, no castigo sem vídeo-game como poder soberano dos pais. Crescem e começam querer a liberdade, passam a acreditar na adolescência como último dia, acreditam que aquele amor é o último, aquela amiga é a única, a oportunidade é última, e aquele mundo fora do controle dos pais é o melhor.
Entram para a faculdade pensando que a liberdade fora de casa é um amadurecimento. Pensam até que estão mais espertos, acreditam ter um carreira já definida, fazem planos e não sabem se confiam nos pais.
Quando viram pais, esperam pelo futuro do filho,acreditam no beijo do marido, na lágrima da novela, e vão se encostando pouco a pouco em superstições e coisas irreais, lembranças. Vão ficando velhos e quando chegam à aposentadoria, alucinam com as férias eternas, com as viagens espetaculares e 'caem' nas promoções especiais para aposentados e pensionistas do INSS. Iludem-se que o salário do aposentado vai aumentar.
No fim de tudo, olham pra trás e descobrem que ainda querem presentes no natal, mesmo que não seja do papai noel. Ainda querem chocolate na páscoa, mesmo que não seja um coelho que venha entregar. Ainda julgam que a soberania de um pai é castigar o filho, ainda esperam pela liberdade, mesmo que seja financeira. Alucinam-se com um pote-de-ouro no fim do arco-íris, como uma recompensa divina. Refletem que o passado seja como uma novela.
E sempre têm fé que vão conquistar mais, não adianta acreditar só no papai noel da infância, nem só na liberdade da adolescência, não adianta nada disto. Precisam de mais crenças. E no decorrer da vida aprendem a acrediar em pessoas, jornais, coisas, religiões, livros e filmes.
E fazem da ambição de querer sempre mais um modo de vida. Uma adrenalina incrível faz com que levantem cada dia mais cedo pra estudar, trabalhar, fazer comida, ler, informar, ensinar, ver os filhos. Acabam acordando tão cedo e dormindo tão tarde para esticar o dia e praticar tudo que a vida lhes permitir, que têm insônia.
Se cansam tanto de não dormir que um dia dormem para sempre. Os parentes e amigos esquecem que no fundo a morte é uma opção de todos nós, e choram como se nunca fossem morrer, e prometem ao seus filhos que nunca vão lhes deixar. E um dia todo mundo morre, mas o que os cansa para a morte é o que os deixa aqui. Tudo que foi escrito, gravado, fotografado, elogiado ou honroso fica, e assim tornam o cansaço de viver como a imortalidade do ser.

29 de ago. de 2008

Memórias de uma adolescente perturbada




Tudo começou aos dez anos de idade, sempre tive uma imaginação muito ativa e imediata. Se me fazem uma pergunta que não posso responder, nem penso e já arrumo uma desculpa, um escape. Quando cheguei aos dez anos e me deparei com a primeira grande mudança de amizades na minha vida, percebi que pra conseguir um espaço no novo ambiente eu teria que ser uma pessoa interessante, de histórias pra contar, assuntos pra conversar e o máximo de informações possíveis, precisava ser mais que eu era.
Neste momento minha imaginação entrou em cena, como eu não tinha dinheiro, idade, nem permissão pra fazer qualquer coisa que tivesse idéia eu inventava que tinha feito, que tinha ido, que tinha lido. E botava uma porção de detalhes nas mentirinhas que era pra deixar mais consistente e as mentiras foram aumentando.
Quando a história era verdade, eu colocava falsos detalhes mesmo assim, que era pra dar uma engrossadinha no caldo. Foi virando um vício grande dentro de mim, esbarrei num ponto que eu acreditava que aquelas histórias todas eram verdade, mas numa dimensão da minha vida que eu não conseguia sintonizar, e quando eu dizia bobagens como "ah hoje não posso ir na sua casa porque vou no aniversário da Fulana" (e esta fulana nem existia) eu acreditava que se eu saísse de casa e fosse pra onde meus pés me levassem sozinhos eu encontraria uma festa de aniversário de uma certa Fulana que me conhecia em outra dimensão e a única confusa da história seria eu.
Foi neste momento que percebi que tava na hora de começar a equilibrar minha vida, deixar minhas invenções de lado e viver do que era sólido. Aos poucos fui largando as histórinhas de sempre de lado, as vezes me cobravam informações sobre certos aspectos que eu tinha inventado, e eu dava pequenas informações.
Só que por um descuido qualquer sob minha imaginação estas histórias voltaram com tudo, focalizei tudo num livro, e por preguiça de escrever acabei guardando elas dentro de mim, de semana em semana eu abria um arquivo de texto e desabafava todas as mentiras dentro de mim. E não me libertava.
Por fim, acabei explodindo. Percebi que minha vida já tinha um monte de verdades bem mais interessantes que as mentirinhas toscas que eu inventava como conseqüência de um distúrbio louco de pré-adolescencia. Eu não queria perder mais segundo algum com tosquices.
E se eu não pudesse construir uma biografia pertubarda o sulficiente (o quanto eu queria) sendo uma menina de 16 anos com um curriculo de quem fugiu de casa por uma vez, tentou suícidio duas, esteve a um passo bem curto do mundo das drogas, já sofreu acidente de carro e tantas coisas mais, eu também não queria mais ser a perturbada da história. Até isto já tinha me cansado. Resolvi dar um basta, eu já não gostava mais assim.
Não é fácil abrir o livro da sua vida, soprar a poeira e falar que isto e isto é mentira, você nunca foi em tal lugar que diz que foi, nunca gostou disto que disse que gostou, nunca aquilo e o que você disse que nunca já fez. No minímo eu tinha que estar disposta a perder tudo e todos que eu tinha conquistado. Não sei como consegui forças pra chegar onde cheguei.
Mas resolvi tudo, apaguei tudo de bom e ruim. Acordei sem reconhecer meu próprio rosto no espelho, meus personagens e sonhos loucos que me atormentavam começaram devagarzinho a se trocarem por realidades, sonhos palpáveis. E o que eu fiz nesta semana toda de distúrbio entre decidir o que eu fazia tava ficando irrecuperável, os que eu nunca cheguei a mentir, eu tinha tratado com uma paranóia tão grande de uma pessoa totalmente sem nexo, que se afastaram de mim antes que se agravasse.
Realmente não foi uma bela fase, até estou tentado recuperar o tempo perdido, se é que ainda dá tempo. É triste ser feliz, e triste ser triste também. Irreal! Só isto.
Como se alguém lêsse mesmo as porcarias que eu escrevo aqui, queria pedir desculpas aos que enganei, tratei mal ou com total insanidade. E, só.

27 de ago. de 2008

Fotos: 27/08








26 de ago. de 2008

Oi

Meu antigo layout de blog deu um problema que eu não tive a paciência de arrumar, enquanto eu não estressar com este também ele vai permanecer aqui. Beijosfazum9090

Seres que me habitam



Escrever aqui é imprimir as idéias, acentuar os sentimentos e descrever a paisagem. Sem Si nem Lá pra ajudar eu fico aqui tentando ser sensível, fragilizada pela dor que nem sequer sinto começo a escrever loucuras de um outro ser que me habita. Talvez seja mediúnico ficar por aqui escrevendo sobre assuntos que nem sei, e se soubesse não escreveria.
Não sei nem mesmo sobre o que estou falando, dias depois percebo que o texto tá no masculino, porque não fui eu que escrevi. Espíritos me rondam e possuem meu corpo no segundo em que pisco meus olhos, e quando consigo me libertar leio a mensagem que foi deixada, nunca entendo, mas parecem vir de mim. Sempre trazem alguma lembrança minha ou uma dica dos meus próximos episódios.
E vou fazendo de cada parágrafo capítulos de um livro de contos e crônicas que não têm começo nem sentido de ser livro, estão todos textos ali reunidos sem ter pra isso o menor sentido. Não são como discos que têm total ligação de uma música com a outra. Assim meus textos, não têm sentido de um com outro nem dele com ele mesmo, introdução e conclusão demarcam o início e fim de uma viagem bruta dentro de um ser que nem sei se sou.
Quando chego no rodapé do texto minha lucidez vai voltando aos poucos e não consigo dar um fim, deixei tudo no primeiro parágrafo, e se lucidez fosse qualidade eu seria uma pessoa sem nada. Nunca fui lúcida, também nunca fui completamente insana. Vivo na mesma condição que um ser que levanta de ressaca e não sabe como voltou pra casa no dia anterior. Modestamente sei onde estou, mas talvez nunca entenda por que vim chegar aqui, e se quer saber não sei nem mesmo como sairei desta prisão.

Desespero no meu blog

Agora intendo minha irmã, quando ela começou a escrever o blog cheguei a fazer um texto comentando como ela fazia de tudo pra criar a situação e escrever sobre. A gente não podia chegar na rua que ela ficava observando uma pessoa até conhecer seu mais íntimo só pelo olhar, depois se sentava na cama e escrevia tudo que vinha em mente, me mostrava, recebia minhas críticas e postava.
Teve uma vez que debruçou na janela do quarto pra observar uma borboleta e escrever sobre ela, na minha opinião seu melhor texto dos que estão no blog. E eu achei um cúmulo ela forçar tanto pra conseguir escrever alguma coisa, armazenava textos e dizia que precisava postar um por vez, caso algum dia a tal vontade de escrever chamada inspiração falhasse.
Eu realmente não entendia, agora entendo. Eu sei a responsabilidade que um blog dá, uma vontade de chorar quando não tem nada pra escrever, eu fico lendo estes poemas e músicas por aí e não entendo de onde tiram tanto assunto, sinto que não sirvo pra isso, tive o elogio de um amigo ou outro mas não foi sulficiente, queria fazer um texto memorável, e é assim com todos os blogueiros.
Certo dia, conclui que eu e minha irmã que não temos capacidade pra isso mesmo, somos duas iludidas quaisquer sem nenhum incentivo familiar pra começar a ler ou escrever desde pequena, não temos o dom. Horas depois como que feito sob medida li um texto antigo de um dos meus escritores favoritos, Fabrício Carpinejar. Não sei se foi forçado ou não, mas escreveu perfeitamente todos os meus sentimentos em relação ao meu blog.
Me deu uma certa esperança saber que o blog dele também não recebia visitas nem comentários no início, e que os únicos que liam eram os amigos uma vez ao mês e sem lhe comentar coisa alguma, blog é como um começo de paixão, tudo fica meio azul demais e você se apaixona, e toda meio boba acabo por declarar amor à mim mesma, ainda que não concorde com nenhum dos meus textos, nem goste deles. Sem amor à eles vivo do amor deles. É assim, desespero no meu blog.

Give me a cigarette


Ao som de Eclipse Oculto (Cazuza e Barão Vermelho) tento buscar uma fonte de inspiração, e tudo que vejo é uma imagem de um copo de conhaque com duas pedras de gelo, não sei o por que, deve ser minha genética alcoólatra tentando me dominar.
Faz dias que não escrevo sobre nada a não ser sobre mim mesma, minhas dificuldades, desespero, experiências, tudo focado numa coisa só: o tal do tédio.
Li várias vezes uns rascunhos no final de alguns cadernos, tentei tocar violão e nada. O único efeito foi que troquei a imagem do copo de conhaque que rondava minha cabeça, mas pela de um cigarro, preciso de inspiração e é como minha irmã disse a um tempo atrás, fumar ajuda a pensar. Nem vou ficar enrolando pra concluir o mesmo que ela, realmente cigarro ajuda a pensar.
E eu que nunca tive nenhum tipo de tesão pelo cigarro passei a ter. Uma droga tão forte, com mais malefícios que algumas das ilícitas como a maconha e não causa efeito nenhum? Como pode? Não ficar doidão? Finalmente encontrei o poder do cigarro, anestesiar os músculos de movimento e deixar uma neblina leve dando um certo quê de anos 70 e inspirando. E é disso que eu preciso.
Foi pensando nisso que cheguei numa conclusão ainda maior, cigarro dá uma inspiração leve de poeta mal resolvido. Eu preciso mesmo é de um charuto (o título devia ser Give me a cigar), porque o charuto também tem a capacidade de deixar o corpo leve e inspirar uma pessoa, mas é uma inspiração pesada que passa ar de certeza, mesmo que eu não a tenha.
Quando penso em charuto me vem logo na cabeça a imagem de pessoas como Hittler, apesar de ditador, um dos caras mais inteligentes que já pude estudar, e tinha uma firmeza no que dizia, uma tristeza obscura em suas artes (por mais que ninguém saiba ele pintava, e criou aquele símbolo do nazismo) e é disso que preciso, transparecer certeza de uma forma que ninguém entenda, mas mesmo assim abaixem a cabeça e pensem que estou certa.
Cigarro é para os poetas sofridos e apaixonados, que vão ceder à todas as vontades das editoras e escrever sobre suas amadas, charuto é para Nietzsches que vão contra tudo e todos, mesmo que numa tristeza pronfunda irão até o fim parecendo loucos com suas idéias depravadas. Give me a cigar.

... eu escrevo como quem fuma cigarro, queria escrever como os consumidores charuto cubano.

24 de ago. de 2008

Política, segundo eu, segundo Lílian

Muita campanha política me atinge, eu tava pensando um dia desses o que é gostar de política. Eu não assisto horário eleitoral, não acompanho CTI's e políticos caçados. Mas eu adoro ao cubo falar de Socialismo x Comunismo x Capitalismo x Anarquismo e tantos ismos.
Alguém me falou que isto é gostar em partes, como se eu só gostasse do surpérfulo da política, o conceito geral de cada coisa e não analisasse por dentro o que acontece em cada um dos tipos de governos e que na verdade eu gosto de história, apenas isto.
Eu fiquei me perguntando se é possível gostar um pouco, ou você GOSTA ou NÃO GOSTA. Se eu tiver confundindo política com história ai fude.
Ontem voltei da escola pensando quem eram os candidatos à prefeiro na minha cidade, sei de dois, e fui pensar em partido político, já que eu sou socialista deveria apoiar candidatos socialistas, PSB, PS, PSOL, PPS ... e fiquei me perguntando se um destes ganhasse será que iriam impor realmente o socialismo? Um ditador pra tomar todo o dinheiro da população pro governo depois redividir tudo por igual e ficar controlando pra ninguém crescer demais e deixar o outro na capenga? Ou seja, virariamos Cuba?
Não, certamente não. A falcatrua é bem maior por trás disso, nosso atual presidente passou a vida inteira pregando que iria chegar ao governo e fazer a reforma agrária, quando chegou lá cochicharam pra ele "se cutucar a burguesia a gente te tira daqui", "mal feito feito". Temos hoje um presidente que tenta ajudar a classe baixa, é obrigado a engolir a burguesia e não faz nada pela classe média, além de tudo é analfabeto.
O que mais me fascina nessa política toda é que: pobre é de direita. E fim!
Beijos no coração votem num socialista ai pra mim que não quis tirar meu título.

[/faltadoquefalar]

22 de ago. de 2008

Filosofia de solidão



As lembranças vêm me arrastando pela vida, me puxam sem dó e me jogam num canto qualquer, frio e escuro. E de lágrimas escorrendo em meu rosto acabo por virar fonte de um rio e saio pela rua cambaleando a enxergar embaçado, são lágrimas.
Deito na minha cama e lembro, repenso tudo que já tinha decidido. Não adianta a lembrança é eterna, já faz mais de um ano eu sei. Que eu tinha me recuperado nunca tive certeza, às vezes fingia pra mim mesma que estava bem, mas é que tocar naquele assunto me dava, e ainda dá, a vontade de prolongá-lo para o resto da noite.
É bem doloroso pensar que desta vez não tem volta, estava acostumada a brincar de quero e não-quero-mais, estava acostumada a brigar e pedir desculpas. E desculpar quando a briga vinha do lado oposto. O mais cõmico nisso tudo, é que eu não tô falando de uma pessoa.
É de um sentimento abstrato, uma doença psiquiátrica que venci sozinha. Hoje, andando pela casa percebi que não é só isso que me inflama, é a falta de algumas pessoas também. Por mais que meu ódio tenha se tornado imenso, que eu não suporte olhar pra cara deste bando de gente falsa, eu não consigo me recompor.
Mas o problema maior, o maior mesmo é a perca da minha vida. A primeira e inigualável até então. Tirando meus pais e minha irmã, apenas por uma pessoa eu sofreria tanto, se perdesse da forma que perdi um tal alguém que resolveu partir. Não foi um amor mal acabado, nem bem acabado. Na verdade não foi amor, talvez. Essas coisas me confundem, o fato é que ele moreu. Já foi eu sei.
Faz mais de um ano que perdi um amigo pro outro lado da vida, que já nem é mais vida. Mais de um ano que perdi uma porção de amigos e amigas pra pequenas distâncias e intrigas quaisquer. Um ano que perdi a vontade de suicídio, mas hoje ela veio com tudo ... causada por um certo não-sei-o-quê que me faz ficar escrevendo melancolias.
É um caos passar por isto tudo,alguém que tem se passado por tão feliz, remove as esperanças e alegrias ao perder pro vento, lastimável.
Não me levanto mais pra procurar com quem conversar, tento ser clara com quem senta do meu lado e pergunta o que eu tô fazendo, respondo que nada e fico por ali falando coisas que ninguém vai entender. Hoje, me arrependi de dois atos em frente a mesma pessoa, um deles por sofrer rápidas conseqüências, o outro por ter entrado no meio de uma coisa que eu não queria entrar e ainda por cima ter contado o lado da história que até então, só eu sabia.
Tenho assustado com minha capacidade de não falar nada com nada, queria conquistar uma certa amizade que a cada dia torno mais impossível, culpa de uma certa crise existencial da minha parte. Não quero explicar melhor, mas o fato é que eu não tenho falado muita coisa com coisa, isso me atrapalha...

Música do dia: Cazuza - Um Trem Pras Estrelas

20 de ago. de 2008

Teatro Mágico - Sobra Tanta Falta

 O Teatro Mágico - Sobre Tanta Falta



clica ae pra ouvir. (como se alguém fosse ouvir)

Pela Última Vez

Tava ali até agora mesmo e prometeu voltar amanhã, me deu um beijo de despedida, daqueles que se dá uma vez só na vida. Dizem que não atravessou a rua, mas também não vai voltar.
De repente a rua inteira agitou, ouvia sirenes, tanta gente gritando... e o coração foi batendo cada vez mais rápido, eu não queria olhar pela janela mas fui chamada, cheguei no meio da aglomeração de pessoas, e olhei no chão.
Aquele sangue todo escorrendo pelo asfalto já tinha passado pelas minhas veias, fazia tempo, mas já tinha passado. Eu não sabia o que fazer, fiquei ali estática, parada e muda. Liguei pra uns, mandei algumas mensagens e entrei pra casa.
Apertei a primeira almofada com toda a força, então chorei. Senti todas aquelas coisas que se sente quando alguém morre, eu não sabia mais o que fazer. Peguei o ramo de flores que ele tinha acabado de me entregar, e pus no aquário, tampando todos os peixinhos que ele sempre admirava.
O que eu lembrei não dá pra explicar, foi um vulto só na minha cabeça, conhecia ele desde sempre, sempre fui apaixonada... nosso namoro estava em crise mas ele dizia que amanhã iria voltar e sempre voltava. Pela primeira vez não cumpriu uma promessa.
Larguei tudo da mão, abri a porta, atravessei a varanda sai correndo atravessei a rua, empurrei as pessoas gritando, e abracei o corpo no chão. Chorando eu lhe dei o último beijo, pedi desculpas por todos meus pecados, e prometi que nunca iria esquecê-lo. Prometi tantas coisas e abracei mais, cada vez mais forte e por fim eu não agüentava mais. Os guardas me puxavam para trás.
Não sei o que aconteceu, com quem eu conversei, o que eu fiz, o que falei, se durmi ou não, se comi ou não. Sei que a última imagem que ficou foi a daquele caixão descendo vagarosamente, num silêncio em coro da cidade toda. Me ajoelhei na terra, e joguei o mesmo buquê de rosas vermelhas que ele tinha me dado na noite anterior. Mas antes, cheirei aquelas flores pela última vez e ai sim atirei-as.

Mais um blues e só

De esquina em esquina
Vou cambaleando
Como um bêbado sem par
E viro a primeira delas
Procurando alguém que eu possa alugar
Pra falar dessas bizarrices
Coisas de amor
Mágia negra e lunar

19 de ago. de 2008

Mais uma Carta Louco Suicída e Inflamável

Parei por uns segundos diante do espelho enquanto lavava as mãos, resolvi mirar o tal vidro refletor e observei que meus olhos não carregavam mais brilho, somente uma nata amarelada sem emoção, um líquido qualquer que faz minhas pálpebras deslizarem, mas aquele brilho dos olhos de quem vive e é feliz não consegui encontrar.
Totalmente sem criatividade é o quarto texto que escrevo hoje, tentando postar algo aqui sem resultados. Vou pegar um dos velhos rascunhos que não tive coragem de postar e por aqui, a melancolia é grande. Não sei se é só o trauma pós quase-morte, ou se são os problemas familiares e escolares, sei que vou postar um poema antigo e tosco.

Mastigo a minha mente
Cheia de idéias e manias
Penso no futuro
Como um precipício suicida
Num golpe puro e desolado
Defeco minha mente
E ainda digo que são versos,
Prosas e poemas, mas nada é verdadeiro

Me prendi neste trem sem vagão
Fazendo da mente pura poesia
E quase que sem perceber
Construindo minha própria monotonia
Ao som de um lento blues

E o que não rima eu fico procurando
Mas todas as palavras parecem ter um certo encanto
E vão rimando assim sem dó, nem lá

E mastigo a minha cara
Pintada num espelho cego
Bolero leve
Que me leve daqui
Num sopro de vento

Um dia eu até tento
Mas hoje só pergunto aos sete ventos
Qual a dor de quem pula um precipício?
Inflamavél carta do desgosto
Mais um dia sobreposto, mais um

18 de ago. de 2008

Abriu os braços devagar e se entregou ao vento...

Tava perdida na internet, não sabia o que falar e quando sabia falava o que ninguém queria ouvir. A cada cinco minutos atualizava a página que venho olhando constantemente nos últimos dias, minhas esperanças de ver uma atualização nela já estava se esvairando, e pela primeira vez desde que sigo fielmente as postagens ali feitas falhariam? Mas não, finalmente quando eu pensei ser a última vez que apertava F5 antes de dar um clique no 'x' a atualização veio. Não causou muito impacto filosófico no meu dia, mas eu me senti aliviada.
O alívio foi tanto que comecei a cantar, depois de horas em absoluto silêncio. Cantava coisas que realmente me trazem felicidade, músicas que despertam um certo não-sei-o-quê dentro de mim. E cheguei numa conclusão de que música reativa minha pele, levanta mesmo meu astral. Sou amiga da música, certos cantores têm este dom de me fazer esquecer os problemas e falar de coisas boas.
Não sei como certos modos de expressar a arte têm tanto poder sobre mim. Gosto de coisas puras e claras, estes palhaços que visitam hospital por exemplo me fazem rir e ficar feliz sem perceber. Músicas como Teatro Mágico, Nando Reis e Los Hermanos também, enquanto outros me fazem afundar em lágrimas, um exemplo grande disto é Nenhum de Nós, mas este tem explicação...
Pior que música é texto, pessoas que escrevem com muito sentimento e fazem a gente viajar total como o Carpinejar me levam pro meu nirvana particular e fico pensando e pensando e não paro enquanto não durmo, pessoas que escrevem de forma muito literal "hoje eu fui na casa da minha vó e vi um pintinho ai tirei uma foto com ele..." me deixam alegre, cada tipo de escrita me desperta um tipo de pensamento e até minha visão muda, fica mais clara ou mais escura.
Inexplicável. Eu fico esperando por horas a música certa chegar no mp4 como se eu não tivesse o poder de mudar direto pra ela. Espero terminar todas as coisas pra abrir a revista e ler de novo aquele texto que me faz feliz, como se eu não pudesse parar tudo na metade pra ler. E é assim, essas coisa que me tocam nesta fase de psicológico afetado que eu tô passando. Nem sei por que ainda escrevo. Espero não ter ninguém lendo, de verdade.

Música: Ana e o Mar - Teatro Mágico

17 de ago. de 2008

Fim

A coisa mais retardada que eu poderia fazer neste blog, é postar músicas. Mas hoje meu dia foi bom [/ironia] demais pra ficar escrevendo algo aqui. Até porque se fosse pra escrever algo era sobre morte e meu modo ateu de falar sobre morte ia assustaria todo mundo, provavelmente os poucos leitores que eu já não tenho me abandonariam mais ainda. Não quero escrever sobre isto e viver os mesmos quadros que viveu Nietzsche. Aliás, no caminho dele eu já tô. E se quer saber mesmo, hoje foi meu último dia de vida, quer dizer, era pra ser por culpa de uns (uma) não foi. E finalmente eu entendi essa música de verdade. E é assim...

A lua inteira agora é um manto negro
O fim das vozes no meu rádio
São quatro ciclos no escuro deserto do céu
Quero um machado pra quebrar o gelo
Quero acordar do sonho agora mesmo
Quero uma chance de tentar viver sem dor

Sempre estar lá
E ver ele voltar
Não era mais o mesmo
Mas estava em seu lugar
Sempre estar lá
E ver ele voltar
O tolo teme a noite
Como a noite vai temer o fogo
Vou chorar sem medo
Vou lembrar do tempo
De onde eu via o mundo azul

A trajetória escapa o risco nu...
As nuvens queimam o céu, nariz azul...
Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu
Na lua o lado escuro é sempre igual...
No espaço a solidão é tão normal...
Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu

Sempre estar lá
E ver ele voltar
Não era mais o mesmo
Mas estava em seu lugar
Sempre estar lá
E ver ele voltar
O tolo teme a noite
Como a noite vai temer o fogo
Vou chorar sem medo
Vou lembrar do tempo
De onde eu via o mundo azul...

Pode ter o significado que cada um imaginar, assim são as músicas ... Mas pra mim e o meu momento atual é só alguém que foi lá no céu e voltou contando como tá. "Quero acordar do sonho agora mesmo" é só o eu lírico querendo sair do "coma"... Nem vô analisar a música toda que eu não tô pra isso. Sem mais.

16 de ago. de 2008

Biquini Cavadão - Toda Forma de Poder

Eu presto atenção
No que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Yeah! Yeah!
Fidel e Pinochet
Tiram sarro de você
Que não faz nada
Yeah! Yeah!
E eu começo achar normal
Que algum boçal
Atire bombas na embaixada
Yeah! Yeah! Oh! Oh!...

Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...

Toda forma de poder
É uma forma de morrer
Por nada
Yeah! Yeah!
Toda forma de conduta
Se transforma
Numa luta armada
Oh! Oh!
A história se repete
Mas a força deixa
A história mal contada
Tada, Tada, Tada!
Tada, Tada, Tada!
Tada, Tada, Tada!
Tada, Tada, Tada!
Oh!...

Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...

E o fascismo é fascinante
Deixa a gente ignorante
E fascinada
Oh! Oh!
E é tão fácil ir adiante
Se esquecer
Que a coisa toda tá errada
Oh! Yeah!...

Eu presto atenção
No que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Nada, Nada, Nada!
Nada, Nada, Nada!
Nada, Nada, Nada!
Nada, Nada, Não!...

Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
Yeah! Yeah! Oh!
Yeah! Yeah! Oh!

13 de ago. de 2008

Eu até queria, e quero. Mas não vou querer mais.



Quando a escola vai afastando cada dia mais da realidade presente, e entrando pro passado. A faculdade deixa de ser um sonho e vai virando sua dor de cabeça, a saudade da sua escola de primário chega a ser tão grande que te faz chorar, seus velhos amigos que com total pureza te tratavam parecem ser os únicos importantes até hoje.
E todas amizades que por aqui você fez, vai deixá-las. E tudo o que você está fazendo, o pouco que tá construindo vai entrar como apenas uns dias a mais no seu passado, você não aceita de forma alguma viver num tempo que só dá pra sentir como se tudo fosse velho. E tudo de novo que vai acontecendo você tenta não dar importância, "daqui uns dias eu não vou poder estar aqui pra saborear as maçãs que estou plantando".
Ai... amigos, por que estes seres conseguem se tornar tão importantes? Apesar de não darmos valor correto muitas vezes, conseguem ultrapassar a opinião da sua familia e o amor que você tem pelo seu namorado. Amigos são seres especiais de uma luz branca envolta, por mais cretinos que sejam, por menos misericordiosos você sempre os ama, os pequenos e os grandes.
E devagarzinho você se sente soltando da mão de todos eles: amores, familia, amigos, infância, cidade, vizinhos, histórias repetitivas, círculos sociais, lugares que freqüenta, preocupações adolescentes, enfeites de quarto, fotos e do mais inesquecivel, seu colchão. Posso estar ficando louca, mas o colchão é o objeto que eu nunca quis trocar em meu quarto, troquei duas vezes por que me obrigaram, mas tenho sempre um motivo pra reclamar (um dia volto a falar dos colchões). O fato é que eles são importantes sulficientes pra nunca querer deixá-los.
Confesso, olhar pro lado e pensar estar olhando pra trás. Não sei aceitar presente como uma coisa que estou vivendo, este momento que escrevo penso estar lendo o texto já pronto. Escrevo como quem edita. Tive um forte desapego a família nestes últimos anos, talvez deles eu nem sinta a saudade incontrolável que minha irmã diz sentir. Mas penso também no contrário, talvez por não dar valor agora, eu sinta uma saudade com remorso. E me sinta morta!
Hoje quando me deparei pensando no colégio, percebi que apesar de odiar acordar as seis, não ir com a cara dos professores, odiar ter que estudar matérias que não modificarão minha vida, e detestar a falta de liberdade que tenho, na escola, por ser menor de idade, apesar disso tudo, a escola tão desgastante sempre foi meu segundo abrigo, não sei explicar isso, mas a escola tão desimportante pra mim é ao mesmo tempo minha base de vida.
E quando me vi afastando cada vez mais daquele quadro verde coberto de giz, daquele conforto que é sentar no pátio e encostar a cabeça no ombro alheio, e entrando de cabeça num mundo que o pouco que se passa não é com giz nem num quadro verde, e o conforto é deitar no gramado de frente ao prédio que você teve sua última aula... Me senti assim, sem o que apalpar. Por mais que lá eu tenha minhas amizades, minha "nova casa", novas festas, novas aulas e tudo novo. A minha vida mesmo é o que eu viverei até depois de amanhã. Até o dia que pra entrar na escola me cobrarem caderneta e eu ter que responder presente ao chamarem o número 18. Minha vida mesmo é enquanto eu tiver que dar satisfação de onde estive e com quem, só dura enquanto meus pais forem meu escudo de proteção.
Depois disso a vida é uma coisa muito mutável, eu vou escolher meu curso, meus amigos, não vou ter hora pra chegar, não vou precisar pedir permissão pra sair da sala de aula e ainda por cima vai ser só por uns tempos. São 4 anos, depois eu escolho uma cidade pra fixar, e vou arrumar emprego, e fazer tudo que meus pais fizeram e eu critiquei. Casar, que eu jurei não casar. Ter filhos, que eu jurei não ter. Não adotar crianças, que eu prometi adotar. E aquietar tudo de novo, terei uma vida autoritária, sem rumos daqui pra frente.
E toda liberdade que eu sempre tentei conquistar, vai vim de encontro à mim, num momento que não tei um corrimão pra me segurar. É estranho pensar que faltam bem menos de 1.000 dias pra tudo que eu sempre sonhei como digno, virar todos os meus problemas.

E passei o dia cantando: ♪ ó mãe, o amor que eu tenho por você é teu ♪

12 de ago. de 2008

Um caderno qualquer



Um caderninho murcho de tanto arrancar suas folhas de rascunho, capa grossa, folhas de papel reciclado e com ilustrações retiradas das Oficinas da Estação Especial da Lapa. Em sua contra-capa alguns versos rabiscados, e uma escrita da minha irmã. Coisas que me fizeram lembrar uma fase grande desta minha adolescência (até hoje) pertubada, como deve ser. De versos de música de propaganda à nomes de cantores, se compõem meus rabiscos na capa.
Foi neste mesmo caderno que tive dois ápices hoje, o primeiro: ao folear suas páginas encontrei marcado a data de aniversário de um amigo que morreu, foi o ápice baixo, o momento em que chorei lembrando de cada momento dos bons aos ruins que passei com ele, e reparei que pela primeira vez deixei passar despercebido a data de mais um aniversário de sua morte, ontem completou 1 ano e 6 meses que ele se foi. Foi realmente angustiante ficar lembrando de toda esta história.
Antes que terminasse de chorar continuei a passar as páginas e encontrei velhos poemas, e foi o ápice feliz. Alguns achados, poemas bons, outros péssimos (motivo pra risadas), tantas palavras riscadas e com outras sobrepostas. E por fim um livro que comecei a escrever, talvez nunca dê certo, mas foi feliz olhar de novo pra este passado. Foi sim!
Não sei porque resolvi contar esta história, acho que sempre que leio Carpinejar fico com esta vontade de contar os detalhes do meu dia.

Alguns versos rabiscado pelas páginas:

'Viva a vida, moça
Todo dia pode ser o último
E você dando tempo ao que é vento'


'Se me faz tanta falta é por que deixou de ser você
Pra ser parte de mim
E quando não te achava em mim
Me perdia em você'

'Entre tantos amores e rancores encontrei a maior de minhas dores'

E para minha surpresa uma mensagem àquele em quem tenho temosia em não acreditar, Deus.

Deus,
As coisas andam difíceis aqui em baixo. Resolveram democratizar o mundo, a moeda desta democracia é o que a torna não-democrática. A única ambição das pessoas é ter dinheiro. Ninguém quer fazer faculdade pra aprender sobre o que acha interessante, só querem um emprego.
Os sonhos não são mais os de encontrar você, não são de conquistar a paz, ou fazer um amigo novo, agora só pensam em uma casa confortável, um computador sofisticado e uma pele bonita.
E eu no meio disso tudo, fico perdida, se quero uma coisa simples, como um novo amigo, preciso de um telefone para falar com ele, e automaticamente me incluo nisso tudo.
Quando entendo como única saída de tanta desgraça: o exílio, percebo que não quero mais ficar aqui. Até porque qualquer outro lugar em que me exilasse não adiantaria.
Então te peço, ou me guia pra fora deste munto. Ou prova-me que tu existe e queime os Hereges.

Lílian

[fim da baboseira]



11 de ago. de 2008

Brasileiros




- Eu fiz um poema de dia dos pais (atrasado) que a praga do blogger não quer postar, então deixei salvo. Quem sabe dia dos pais do ano que vem ele resolve deixar que eu poste? Han han.
- Fiz um texto tão ruim que vim aqui editar ele apaguei ele inteiro e vou tentar fazer outro (sobre um outro assunto).

Foi deslumbrante descobrir uma nova revista, ainda recém-nascida e com futuro promissor nas mãos de Ricardo Kostcho, Hélio Campos Mello e tantos outros. Foi um amor à primeira vista, a nova forma de escrever totalmente espontânea, e com um sabor brasileiro que dava um 'quê' a mais, o jeito de mostrar lados deste país que ultrapassam a política e seus fracassos.
Então comecei a comprar todas, e adorava aqueles ínicios entusiasmantes de "encontrei com o professor tal tal num barzinho à luz baixa, e entre muitas risadas ele comentou que:". Enfim, tinha descoberto uma revista ideal pra mim, textos escritos de formas inovadoras, assuntos que saíam da ponte: política - economia - esporte.
Uma revista de grandes reportagens, que sempre prometeu: "Histórias bem contadas. Reportagens de tirar o fôlego. Mergulho numa imensidão de notícias que vão muito além do eixo São Paulo-Rio-Brasília".
Nem sei o porque do post, mas eu tinha que falar da revista, necessitava do desabafo. Haha


Status: Fui ler a Brasileiros.

Música do dia: A palo seco - Belchior
Livro do dia: 1968 - o ano que terminou (aliás este é o livro do ano)
Recomendação do dia: dormir