13 de ago. de 2008

Eu até queria, e quero. Mas não vou querer mais.



Quando a escola vai afastando cada dia mais da realidade presente, e entrando pro passado. A faculdade deixa de ser um sonho e vai virando sua dor de cabeça, a saudade da sua escola de primário chega a ser tão grande que te faz chorar, seus velhos amigos que com total pureza te tratavam parecem ser os únicos importantes até hoje.
E todas amizades que por aqui você fez, vai deixá-las. E tudo o que você está fazendo, o pouco que tá construindo vai entrar como apenas uns dias a mais no seu passado, você não aceita de forma alguma viver num tempo que só dá pra sentir como se tudo fosse velho. E tudo de novo que vai acontecendo você tenta não dar importância, "daqui uns dias eu não vou poder estar aqui pra saborear as maçãs que estou plantando".
Ai... amigos, por que estes seres conseguem se tornar tão importantes? Apesar de não darmos valor correto muitas vezes, conseguem ultrapassar a opinião da sua familia e o amor que você tem pelo seu namorado. Amigos são seres especiais de uma luz branca envolta, por mais cretinos que sejam, por menos misericordiosos você sempre os ama, os pequenos e os grandes.
E devagarzinho você se sente soltando da mão de todos eles: amores, familia, amigos, infância, cidade, vizinhos, histórias repetitivas, círculos sociais, lugares que freqüenta, preocupações adolescentes, enfeites de quarto, fotos e do mais inesquecivel, seu colchão. Posso estar ficando louca, mas o colchão é o objeto que eu nunca quis trocar em meu quarto, troquei duas vezes por que me obrigaram, mas tenho sempre um motivo pra reclamar (um dia volto a falar dos colchões). O fato é que eles são importantes sulficientes pra nunca querer deixá-los.
Confesso, olhar pro lado e pensar estar olhando pra trás. Não sei aceitar presente como uma coisa que estou vivendo, este momento que escrevo penso estar lendo o texto já pronto. Escrevo como quem edita. Tive um forte desapego a família nestes últimos anos, talvez deles eu nem sinta a saudade incontrolável que minha irmã diz sentir. Mas penso também no contrário, talvez por não dar valor agora, eu sinta uma saudade com remorso. E me sinta morta!
Hoje quando me deparei pensando no colégio, percebi que apesar de odiar acordar as seis, não ir com a cara dos professores, odiar ter que estudar matérias que não modificarão minha vida, e detestar a falta de liberdade que tenho, na escola, por ser menor de idade, apesar disso tudo, a escola tão desgastante sempre foi meu segundo abrigo, não sei explicar isso, mas a escola tão desimportante pra mim é ao mesmo tempo minha base de vida.
E quando me vi afastando cada vez mais daquele quadro verde coberto de giz, daquele conforto que é sentar no pátio e encostar a cabeça no ombro alheio, e entrando de cabeça num mundo que o pouco que se passa não é com giz nem num quadro verde, e o conforto é deitar no gramado de frente ao prédio que você teve sua última aula... Me senti assim, sem o que apalpar. Por mais que lá eu tenha minhas amizades, minha "nova casa", novas festas, novas aulas e tudo novo. A minha vida mesmo é o que eu viverei até depois de amanhã. Até o dia que pra entrar na escola me cobrarem caderneta e eu ter que responder presente ao chamarem o número 18. Minha vida mesmo é enquanto eu tiver que dar satisfação de onde estive e com quem, só dura enquanto meus pais forem meu escudo de proteção.
Depois disso a vida é uma coisa muito mutável, eu vou escolher meu curso, meus amigos, não vou ter hora pra chegar, não vou precisar pedir permissão pra sair da sala de aula e ainda por cima vai ser só por uns tempos. São 4 anos, depois eu escolho uma cidade pra fixar, e vou arrumar emprego, e fazer tudo que meus pais fizeram e eu critiquei. Casar, que eu jurei não casar. Ter filhos, que eu jurei não ter. Não adotar crianças, que eu prometi adotar. E aquietar tudo de novo, terei uma vida autoritária, sem rumos daqui pra frente.
E toda liberdade que eu sempre tentei conquistar, vai vim de encontro à mim, num momento que não tei um corrimão pra me segurar. É estranho pensar que faltam bem menos de 1.000 dias pra tudo que eu sempre sonhei como digno, virar todos os meus problemas.

E passei o dia cantando: ♪ ó mãe, o amor que eu tenho por você é teu ♪

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