12 de ago. de 2008

Um caderno qualquer



Um caderninho murcho de tanto arrancar suas folhas de rascunho, capa grossa, folhas de papel reciclado e com ilustrações retiradas das Oficinas da Estação Especial da Lapa. Em sua contra-capa alguns versos rabiscados, e uma escrita da minha irmã. Coisas que me fizeram lembrar uma fase grande desta minha adolescência (até hoje) pertubada, como deve ser. De versos de música de propaganda à nomes de cantores, se compõem meus rabiscos na capa.
Foi neste mesmo caderno que tive dois ápices hoje, o primeiro: ao folear suas páginas encontrei marcado a data de aniversário de um amigo que morreu, foi o ápice baixo, o momento em que chorei lembrando de cada momento dos bons aos ruins que passei com ele, e reparei que pela primeira vez deixei passar despercebido a data de mais um aniversário de sua morte, ontem completou 1 ano e 6 meses que ele se foi. Foi realmente angustiante ficar lembrando de toda esta história.
Antes que terminasse de chorar continuei a passar as páginas e encontrei velhos poemas, e foi o ápice feliz. Alguns achados, poemas bons, outros péssimos (motivo pra risadas), tantas palavras riscadas e com outras sobrepostas. E por fim um livro que comecei a escrever, talvez nunca dê certo, mas foi feliz olhar de novo pra este passado. Foi sim!
Não sei porque resolvi contar esta história, acho que sempre que leio Carpinejar fico com esta vontade de contar os detalhes do meu dia.

Alguns versos rabiscado pelas páginas:

'Viva a vida, moça
Todo dia pode ser o último
E você dando tempo ao que é vento'


'Se me faz tanta falta é por que deixou de ser você
Pra ser parte de mim
E quando não te achava em mim
Me perdia em você'

'Entre tantos amores e rancores encontrei a maior de minhas dores'

E para minha surpresa uma mensagem àquele em quem tenho temosia em não acreditar, Deus.

Deus,
As coisas andam difíceis aqui em baixo. Resolveram democratizar o mundo, a moeda desta democracia é o que a torna não-democrática. A única ambição das pessoas é ter dinheiro. Ninguém quer fazer faculdade pra aprender sobre o que acha interessante, só querem um emprego.
Os sonhos não são mais os de encontrar você, não são de conquistar a paz, ou fazer um amigo novo, agora só pensam em uma casa confortável, um computador sofisticado e uma pele bonita.
E eu no meio disso tudo, fico perdida, se quero uma coisa simples, como um novo amigo, preciso de um telefone para falar com ele, e automaticamente me incluo nisso tudo.
Quando entendo como única saída de tanta desgraça: o exílio, percebo que não quero mais ficar aqui. Até porque qualquer outro lugar em que me exilasse não adiantaria.
Então te peço, ou me guia pra fora deste munto. Ou prova-me que tu existe e queime os Hereges.

Lílian

[fim da baboseira]



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