26 de set. de 2008

Trauma

Tudo começou assim:
Eu bati a cabeça cem vezes na parede até que sangrou, enquanto mais jorrava sangue mais eu me divertia batendo a cabeça na parede era meio masoquista, mas eu nem ligava. Fazendo ou não no outro dia eu certamente me arrependeria mesmo. Fui curtir o momento, quando tinha muito sangue, a cara já estava toda cortada e inchada comecei a escrever com o sangue no muro, primeiro por intuito escrevi meu nome bem grande ocupei o espaço quase todo: Lílian Moreira de Alcantara, assim sem acento no CAN de ALCANTARA porque é erro do cartório. Depois que fui pensar que devia fazer algo melhor, desenhei em tamanho médio um sol assim meio de lado, mas sol era feliz demais pra ser escrito com sangue, então desenhei debaixo uns escravos suando de trabalhar, nisso o sol passou a ser um obstáculo. Depois um pouco menor que este desenho fiz o segundo em baixo do "lian" que era uma faca com um corte e ela sangrava, bem minha cara né? Uma coisa irônica suficiente pra vir de mim.
Andei até o final do muro, o último espaço branco... fiquei ali pensando e pensando o que fazer, até que resolvi tirar a minha blusa ensanguentada e carimbei a parede com ela, ficou bom. Vesti a blusa e fiquei pensando como faria pra ir embora sem ser abordada na rua por algum idiota perguntando o que tinham feito comigo, entrei num matagal que tinha ali perto e de sorte vi um riachozinho passando, era pouca água, ralo demais, mesmo assim eu ajoelhei nas pedras do fundo e abaixei o rosto pra me molhar, não adiantou muito, nem correnteza tinha pra tirar o sangue seco. Então virei de costas e deitei no rio, senti a água desviando pra continuar a descer, fingi fazer um anjo na neve e uma pedra arranhou meu braço, vi o fiapinho de sangue dissolver na água até que uma voz me alertou:
_ Este rio tá todo sujo de sangue, alguém ta jogando carne velha lá em cima, vou lá ver.
Levantei correndo e sai pra perto do muro, virei a esquina a toda velocidade e comecei a correr pro lado que tinha menos pessoas, passei por uns assustados que ameaçavam a me parar pra perguntar o que era, eu corria tanto e tanto, sem ao mínimo saber pra onde estava indo, comecei a sentir cheiro de porco queimando (quando estão matando o porco) e parei. Coloquei as mãos no joelho encurvando um pouco, respirava forte, passei a mão na testa e vim rápido contar.

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