30 de ago. de 2008

Descanse em Paz


As crianças acreditam em papai noel, coelho da páscoa, pote-de-ouro no fim do arco-íris, na verdade como saída pra tudo, no castigo sem vídeo-game como poder soberano dos pais. Crescem e começam querer a liberdade, passam a acreditar na adolescência como último dia, acreditam que aquele amor é o último, aquela amiga é a única, a oportunidade é última, e aquele mundo fora do controle dos pais é o melhor.
Entram para a faculdade pensando que a liberdade fora de casa é um amadurecimento. Pensam até que estão mais espertos, acreditam ter um carreira já definida, fazem planos e não sabem se confiam nos pais.
Quando viram pais, esperam pelo futuro do filho,acreditam no beijo do marido, na lágrima da novela, e vão se encostando pouco a pouco em superstições e coisas irreais, lembranças. Vão ficando velhos e quando chegam à aposentadoria, alucinam com as férias eternas, com as viagens espetaculares e 'caem' nas promoções especiais para aposentados e pensionistas do INSS. Iludem-se que o salário do aposentado vai aumentar.
No fim de tudo, olham pra trás e descobrem que ainda querem presentes no natal, mesmo que não seja do papai noel. Ainda querem chocolate na páscoa, mesmo que não seja um coelho que venha entregar. Ainda julgam que a soberania de um pai é castigar o filho, ainda esperam pela liberdade, mesmo que seja financeira. Alucinam-se com um pote-de-ouro no fim do arco-íris, como uma recompensa divina. Refletem que o passado seja como uma novela.
E sempre têm fé que vão conquistar mais, não adianta acreditar só no papai noel da infância, nem só na liberdade da adolescência, não adianta nada disto. Precisam de mais crenças. E no decorrer da vida aprendem a acrediar em pessoas, jornais, coisas, religiões, livros e filmes.
E fazem da ambição de querer sempre mais um modo de vida. Uma adrenalina incrível faz com que levantem cada dia mais cedo pra estudar, trabalhar, fazer comida, ler, informar, ensinar, ver os filhos. Acabam acordando tão cedo e dormindo tão tarde para esticar o dia e praticar tudo que a vida lhes permitir, que têm insônia.
Se cansam tanto de não dormir que um dia dormem para sempre. Os parentes e amigos esquecem que no fundo a morte é uma opção de todos nós, e choram como se nunca fossem morrer, e prometem ao seus filhos que nunca vão lhes deixar. E um dia todo mundo morre, mas o que os cansa para a morte é o que os deixa aqui. Tudo que foi escrito, gravado, fotografado, elogiado ou honroso fica, e assim tornam o cansaço de viver como a imortalidade do ser.

29 de ago. de 2008

Memórias de uma adolescente perturbada




Tudo começou aos dez anos de idade, sempre tive uma imaginação muito ativa e imediata. Se me fazem uma pergunta que não posso responder, nem penso e já arrumo uma desculpa, um escape. Quando cheguei aos dez anos e me deparei com a primeira grande mudança de amizades na minha vida, percebi que pra conseguir um espaço no novo ambiente eu teria que ser uma pessoa interessante, de histórias pra contar, assuntos pra conversar e o máximo de informações possíveis, precisava ser mais que eu era.
Neste momento minha imaginação entrou em cena, como eu não tinha dinheiro, idade, nem permissão pra fazer qualquer coisa que tivesse idéia eu inventava que tinha feito, que tinha ido, que tinha lido. E botava uma porção de detalhes nas mentirinhas que era pra deixar mais consistente e as mentiras foram aumentando.
Quando a história era verdade, eu colocava falsos detalhes mesmo assim, que era pra dar uma engrossadinha no caldo. Foi virando um vício grande dentro de mim, esbarrei num ponto que eu acreditava que aquelas histórias todas eram verdade, mas numa dimensão da minha vida que eu não conseguia sintonizar, e quando eu dizia bobagens como "ah hoje não posso ir na sua casa porque vou no aniversário da Fulana" (e esta fulana nem existia) eu acreditava que se eu saísse de casa e fosse pra onde meus pés me levassem sozinhos eu encontraria uma festa de aniversário de uma certa Fulana que me conhecia em outra dimensão e a única confusa da história seria eu.
Foi neste momento que percebi que tava na hora de começar a equilibrar minha vida, deixar minhas invenções de lado e viver do que era sólido. Aos poucos fui largando as histórinhas de sempre de lado, as vezes me cobravam informações sobre certos aspectos que eu tinha inventado, e eu dava pequenas informações.
Só que por um descuido qualquer sob minha imaginação estas histórias voltaram com tudo, focalizei tudo num livro, e por preguiça de escrever acabei guardando elas dentro de mim, de semana em semana eu abria um arquivo de texto e desabafava todas as mentiras dentro de mim. E não me libertava.
Por fim, acabei explodindo. Percebi que minha vida já tinha um monte de verdades bem mais interessantes que as mentirinhas toscas que eu inventava como conseqüência de um distúrbio louco de pré-adolescencia. Eu não queria perder mais segundo algum com tosquices.
E se eu não pudesse construir uma biografia pertubarda o sulficiente (o quanto eu queria) sendo uma menina de 16 anos com um curriculo de quem fugiu de casa por uma vez, tentou suícidio duas, esteve a um passo bem curto do mundo das drogas, já sofreu acidente de carro e tantas coisas mais, eu também não queria mais ser a perturbada da história. Até isto já tinha me cansado. Resolvi dar um basta, eu já não gostava mais assim.
Não é fácil abrir o livro da sua vida, soprar a poeira e falar que isto e isto é mentira, você nunca foi em tal lugar que diz que foi, nunca gostou disto que disse que gostou, nunca aquilo e o que você disse que nunca já fez. No minímo eu tinha que estar disposta a perder tudo e todos que eu tinha conquistado. Não sei como consegui forças pra chegar onde cheguei.
Mas resolvi tudo, apaguei tudo de bom e ruim. Acordei sem reconhecer meu próprio rosto no espelho, meus personagens e sonhos loucos que me atormentavam começaram devagarzinho a se trocarem por realidades, sonhos palpáveis. E o que eu fiz nesta semana toda de distúrbio entre decidir o que eu fazia tava ficando irrecuperável, os que eu nunca cheguei a mentir, eu tinha tratado com uma paranóia tão grande de uma pessoa totalmente sem nexo, que se afastaram de mim antes que se agravasse.
Realmente não foi uma bela fase, até estou tentado recuperar o tempo perdido, se é que ainda dá tempo. É triste ser feliz, e triste ser triste também. Irreal! Só isto.
Como se alguém lêsse mesmo as porcarias que eu escrevo aqui, queria pedir desculpas aos que enganei, tratei mal ou com total insanidade. E, só.

27 de ago. de 2008

Fotos: 27/08








26 de ago. de 2008

Oi

Meu antigo layout de blog deu um problema que eu não tive a paciência de arrumar, enquanto eu não estressar com este também ele vai permanecer aqui. Beijosfazum9090

Seres que me habitam



Escrever aqui é imprimir as idéias, acentuar os sentimentos e descrever a paisagem. Sem Si nem Lá pra ajudar eu fico aqui tentando ser sensível, fragilizada pela dor que nem sequer sinto começo a escrever loucuras de um outro ser que me habita. Talvez seja mediúnico ficar por aqui escrevendo sobre assuntos que nem sei, e se soubesse não escreveria.
Não sei nem mesmo sobre o que estou falando, dias depois percebo que o texto tá no masculino, porque não fui eu que escrevi. Espíritos me rondam e possuem meu corpo no segundo em que pisco meus olhos, e quando consigo me libertar leio a mensagem que foi deixada, nunca entendo, mas parecem vir de mim. Sempre trazem alguma lembrança minha ou uma dica dos meus próximos episódios.
E vou fazendo de cada parágrafo capítulos de um livro de contos e crônicas que não têm começo nem sentido de ser livro, estão todos textos ali reunidos sem ter pra isso o menor sentido. Não são como discos que têm total ligação de uma música com a outra. Assim meus textos, não têm sentido de um com outro nem dele com ele mesmo, introdução e conclusão demarcam o início e fim de uma viagem bruta dentro de um ser que nem sei se sou.
Quando chego no rodapé do texto minha lucidez vai voltando aos poucos e não consigo dar um fim, deixei tudo no primeiro parágrafo, e se lucidez fosse qualidade eu seria uma pessoa sem nada. Nunca fui lúcida, também nunca fui completamente insana. Vivo na mesma condição que um ser que levanta de ressaca e não sabe como voltou pra casa no dia anterior. Modestamente sei onde estou, mas talvez nunca entenda por que vim chegar aqui, e se quer saber não sei nem mesmo como sairei desta prisão.

Desespero no meu blog

Agora intendo minha irmã, quando ela começou a escrever o blog cheguei a fazer um texto comentando como ela fazia de tudo pra criar a situação e escrever sobre. A gente não podia chegar na rua que ela ficava observando uma pessoa até conhecer seu mais íntimo só pelo olhar, depois se sentava na cama e escrevia tudo que vinha em mente, me mostrava, recebia minhas críticas e postava.
Teve uma vez que debruçou na janela do quarto pra observar uma borboleta e escrever sobre ela, na minha opinião seu melhor texto dos que estão no blog. E eu achei um cúmulo ela forçar tanto pra conseguir escrever alguma coisa, armazenava textos e dizia que precisava postar um por vez, caso algum dia a tal vontade de escrever chamada inspiração falhasse.
Eu realmente não entendia, agora entendo. Eu sei a responsabilidade que um blog dá, uma vontade de chorar quando não tem nada pra escrever, eu fico lendo estes poemas e músicas por aí e não entendo de onde tiram tanto assunto, sinto que não sirvo pra isso, tive o elogio de um amigo ou outro mas não foi sulficiente, queria fazer um texto memorável, e é assim com todos os blogueiros.
Certo dia, conclui que eu e minha irmã que não temos capacidade pra isso mesmo, somos duas iludidas quaisquer sem nenhum incentivo familiar pra começar a ler ou escrever desde pequena, não temos o dom. Horas depois como que feito sob medida li um texto antigo de um dos meus escritores favoritos, Fabrício Carpinejar. Não sei se foi forçado ou não, mas escreveu perfeitamente todos os meus sentimentos em relação ao meu blog.
Me deu uma certa esperança saber que o blog dele também não recebia visitas nem comentários no início, e que os únicos que liam eram os amigos uma vez ao mês e sem lhe comentar coisa alguma, blog é como um começo de paixão, tudo fica meio azul demais e você se apaixona, e toda meio boba acabo por declarar amor à mim mesma, ainda que não concorde com nenhum dos meus textos, nem goste deles. Sem amor à eles vivo do amor deles. É assim, desespero no meu blog.

Give me a cigarette


Ao som de Eclipse Oculto (Cazuza e Barão Vermelho) tento buscar uma fonte de inspiração, e tudo que vejo é uma imagem de um copo de conhaque com duas pedras de gelo, não sei o por que, deve ser minha genética alcoólatra tentando me dominar.
Faz dias que não escrevo sobre nada a não ser sobre mim mesma, minhas dificuldades, desespero, experiências, tudo focado numa coisa só: o tal do tédio.
Li várias vezes uns rascunhos no final de alguns cadernos, tentei tocar violão e nada. O único efeito foi que troquei a imagem do copo de conhaque que rondava minha cabeça, mas pela de um cigarro, preciso de inspiração e é como minha irmã disse a um tempo atrás, fumar ajuda a pensar. Nem vou ficar enrolando pra concluir o mesmo que ela, realmente cigarro ajuda a pensar.
E eu que nunca tive nenhum tipo de tesão pelo cigarro passei a ter. Uma droga tão forte, com mais malefícios que algumas das ilícitas como a maconha e não causa efeito nenhum? Como pode? Não ficar doidão? Finalmente encontrei o poder do cigarro, anestesiar os músculos de movimento e deixar uma neblina leve dando um certo quê de anos 70 e inspirando. E é disso que eu preciso.
Foi pensando nisso que cheguei numa conclusão ainda maior, cigarro dá uma inspiração leve de poeta mal resolvido. Eu preciso mesmo é de um charuto (o título devia ser Give me a cigar), porque o charuto também tem a capacidade de deixar o corpo leve e inspirar uma pessoa, mas é uma inspiração pesada que passa ar de certeza, mesmo que eu não a tenha.
Quando penso em charuto me vem logo na cabeça a imagem de pessoas como Hittler, apesar de ditador, um dos caras mais inteligentes que já pude estudar, e tinha uma firmeza no que dizia, uma tristeza obscura em suas artes (por mais que ninguém saiba ele pintava, e criou aquele símbolo do nazismo) e é disso que preciso, transparecer certeza de uma forma que ninguém entenda, mas mesmo assim abaixem a cabeça e pensem que estou certa.
Cigarro é para os poetas sofridos e apaixonados, que vão ceder à todas as vontades das editoras e escrever sobre suas amadas, charuto é para Nietzsches que vão contra tudo e todos, mesmo que numa tristeza pronfunda irão até o fim parecendo loucos com suas idéias depravadas. Give me a cigar.

... eu escrevo como quem fuma cigarro, queria escrever como os consumidores charuto cubano.

24 de ago. de 2008

Política, segundo eu, segundo Lílian

Muita campanha política me atinge, eu tava pensando um dia desses o que é gostar de política. Eu não assisto horário eleitoral, não acompanho CTI's e políticos caçados. Mas eu adoro ao cubo falar de Socialismo x Comunismo x Capitalismo x Anarquismo e tantos ismos.
Alguém me falou que isto é gostar em partes, como se eu só gostasse do surpérfulo da política, o conceito geral de cada coisa e não analisasse por dentro o que acontece em cada um dos tipos de governos e que na verdade eu gosto de história, apenas isto.
Eu fiquei me perguntando se é possível gostar um pouco, ou você GOSTA ou NÃO GOSTA. Se eu tiver confundindo política com história ai fude.
Ontem voltei da escola pensando quem eram os candidatos à prefeiro na minha cidade, sei de dois, e fui pensar em partido político, já que eu sou socialista deveria apoiar candidatos socialistas, PSB, PS, PSOL, PPS ... e fiquei me perguntando se um destes ganhasse será que iriam impor realmente o socialismo? Um ditador pra tomar todo o dinheiro da população pro governo depois redividir tudo por igual e ficar controlando pra ninguém crescer demais e deixar o outro na capenga? Ou seja, virariamos Cuba?
Não, certamente não. A falcatrua é bem maior por trás disso, nosso atual presidente passou a vida inteira pregando que iria chegar ao governo e fazer a reforma agrária, quando chegou lá cochicharam pra ele "se cutucar a burguesia a gente te tira daqui", "mal feito feito". Temos hoje um presidente que tenta ajudar a classe baixa, é obrigado a engolir a burguesia e não faz nada pela classe média, além de tudo é analfabeto.
O que mais me fascina nessa política toda é que: pobre é de direita. E fim!
Beijos no coração votem num socialista ai pra mim que não quis tirar meu título.

[/faltadoquefalar]

22 de ago. de 2008

Filosofia de solidão



As lembranças vêm me arrastando pela vida, me puxam sem dó e me jogam num canto qualquer, frio e escuro. E de lágrimas escorrendo em meu rosto acabo por virar fonte de um rio e saio pela rua cambaleando a enxergar embaçado, são lágrimas.
Deito na minha cama e lembro, repenso tudo que já tinha decidido. Não adianta a lembrança é eterna, já faz mais de um ano eu sei. Que eu tinha me recuperado nunca tive certeza, às vezes fingia pra mim mesma que estava bem, mas é que tocar naquele assunto me dava, e ainda dá, a vontade de prolongá-lo para o resto da noite.
É bem doloroso pensar que desta vez não tem volta, estava acostumada a brincar de quero e não-quero-mais, estava acostumada a brigar e pedir desculpas. E desculpar quando a briga vinha do lado oposto. O mais cõmico nisso tudo, é que eu não tô falando de uma pessoa.
É de um sentimento abstrato, uma doença psiquiátrica que venci sozinha. Hoje, andando pela casa percebi que não é só isso que me inflama, é a falta de algumas pessoas também. Por mais que meu ódio tenha se tornado imenso, que eu não suporte olhar pra cara deste bando de gente falsa, eu não consigo me recompor.
Mas o problema maior, o maior mesmo é a perca da minha vida. A primeira e inigualável até então. Tirando meus pais e minha irmã, apenas por uma pessoa eu sofreria tanto, se perdesse da forma que perdi um tal alguém que resolveu partir. Não foi um amor mal acabado, nem bem acabado. Na verdade não foi amor, talvez. Essas coisas me confundem, o fato é que ele moreu. Já foi eu sei.
Faz mais de um ano que perdi um amigo pro outro lado da vida, que já nem é mais vida. Mais de um ano que perdi uma porção de amigos e amigas pra pequenas distâncias e intrigas quaisquer. Um ano que perdi a vontade de suicídio, mas hoje ela veio com tudo ... causada por um certo não-sei-o-quê que me faz ficar escrevendo melancolias.
É um caos passar por isto tudo,alguém que tem se passado por tão feliz, remove as esperanças e alegrias ao perder pro vento, lastimável.
Não me levanto mais pra procurar com quem conversar, tento ser clara com quem senta do meu lado e pergunta o que eu tô fazendo, respondo que nada e fico por ali falando coisas que ninguém vai entender. Hoje, me arrependi de dois atos em frente a mesma pessoa, um deles por sofrer rápidas conseqüências, o outro por ter entrado no meio de uma coisa que eu não queria entrar e ainda por cima ter contado o lado da história que até então, só eu sabia.
Tenho assustado com minha capacidade de não falar nada com nada, queria conquistar uma certa amizade que a cada dia torno mais impossível, culpa de uma certa crise existencial da minha parte. Não quero explicar melhor, mas o fato é que eu não tenho falado muita coisa com coisa, isso me atrapalha...

Música do dia: Cazuza - Um Trem Pras Estrelas

20 de ago. de 2008

Teatro Mágico - Sobra Tanta Falta

 O Teatro Mágico - Sobre Tanta Falta



clica ae pra ouvir. (como se alguém fosse ouvir)

Pela Última Vez

Tava ali até agora mesmo e prometeu voltar amanhã, me deu um beijo de despedida, daqueles que se dá uma vez só na vida. Dizem que não atravessou a rua, mas também não vai voltar.
De repente a rua inteira agitou, ouvia sirenes, tanta gente gritando... e o coração foi batendo cada vez mais rápido, eu não queria olhar pela janela mas fui chamada, cheguei no meio da aglomeração de pessoas, e olhei no chão.
Aquele sangue todo escorrendo pelo asfalto já tinha passado pelas minhas veias, fazia tempo, mas já tinha passado. Eu não sabia o que fazer, fiquei ali estática, parada e muda. Liguei pra uns, mandei algumas mensagens e entrei pra casa.
Apertei a primeira almofada com toda a força, então chorei. Senti todas aquelas coisas que se sente quando alguém morre, eu não sabia mais o que fazer. Peguei o ramo de flores que ele tinha acabado de me entregar, e pus no aquário, tampando todos os peixinhos que ele sempre admirava.
O que eu lembrei não dá pra explicar, foi um vulto só na minha cabeça, conhecia ele desde sempre, sempre fui apaixonada... nosso namoro estava em crise mas ele dizia que amanhã iria voltar e sempre voltava. Pela primeira vez não cumpriu uma promessa.
Larguei tudo da mão, abri a porta, atravessei a varanda sai correndo atravessei a rua, empurrei as pessoas gritando, e abracei o corpo no chão. Chorando eu lhe dei o último beijo, pedi desculpas por todos meus pecados, e prometi que nunca iria esquecê-lo. Prometi tantas coisas e abracei mais, cada vez mais forte e por fim eu não agüentava mais. Os guardas me puxavam para trás.
Não sei o que aconteceu, com quem eu conversei, o que eu fiz, o que falei, se durmi ou não, se comi ou não. Sei que a última imagem que ficou foi a daquele caixão descendo vagarosamente, num silêncio em coro da cidade toda. Me ajoelhei na terra, e joguei o mesmo buquê de rosas vermelhas que ele tinha me dado na noite anterior. Mas antes, cheirei aquelas flores pela última vez e ai sim atirei-as.

Mais um blues e só

De esquina em esquina
Vou cambaleando
Como um bêbado sem par
E viro a primeira delas
Procurando alguém que eu possa alugar
Pra falar dessas bizarrices
Coisas de amor
Mágia negra e lunar

19 de ago. de 2008

Mais uma Carta Louco Suicída e Inflamável

Parei por uns segundos diante do espelho enquanto lavava as mãos, resolvi mirar o tal vidro refletor e observei que meus olhos não carregavam mais brilho, somente uma nata amarelada sem emoção, um líquido qualquer que faz minhas pálpebras deslizarem, mas aquele brilho dos olhos de quem vive e é feliz não consegui encontrar.
Totalmente sem criatividade é o quarto texto que escrevo hoje, tentando postar algo aqui sem resultados. Vou pegar um dos velhos rascunhos que não tive coragem de postar e por aqui, a melancolia é grande. Não sei se é só o trauma pós quase-morte, ou se são os problemas familiares e escolares, sei que vou postar um poema antigo e tosco.

Mastigo a minha mente
Cheia de idéias e manias
Penso no futuro
Como um precipício suicida
Num golpe puro e desolado
Defeco minha mente
E ainda digo que são versos,
Prosas e poemas, mas nada é verdadeiro

Me prendi neste trem sem vagão
Fazendo da mente pura poesia
E quase que sem perceber
Construindo minha própria monotonia
Ao som de um lento blues

E o que não rima eu fico procurando
Mas todas as palavras parecem ter um certo encanto
E vão rimando assim sem dó, nem lá

E mastigo a minha cara
Pintada num espelho cego
Bolero leve
Que me leve daqui
Num sopro de vento

Um dia eu até tento
Mas hoje só pergunto aos sete ventos
Qual a dor de quem pula um precipício?
Inflamavél carta do desgosto
Mais um dia sobreposto, mais um

18 de ago. de 2008

Abriu os braços devagar e se entregou ao vento...

Tava perdida na internet, não sabia o que falar e quando sabia falava o que ninguém queria ouvir. A cada cinco minutos atualizava a página que venho olhando constantemente nos últimos dias, minhas esperanças de ver uma atualização nela já estava se esvairando, e pela primeira vez desde que sigo fielmente as postagens ali feitas falhariam? Mas não, finalmente quando eu pensei ser a última vez que apertava F5 antes de dar um clique no 'x' a atualização veio. Não causou muito impacto filosófico no meu dia, mas eu me senti aliviada.
O alívio foi tanto que comecei a cantar, depois de horas em absoluto silêncio. Cantava coisas que realmente me trazem felicidade, músicas que despertam um certo não-sei-o-quê dentro de mim. E cheguei numa conclusão de que música reativa minha pele, levanta mesmo meu astral. Sou amiga da música, certos cantores têm este dom de me fazer esquecer os problemas e falar de coisas boas.
Não sei como certos modos de expressar a arte têm tanto poder sobre mim. Gosto de coisas puras e claras, estes palhaços que visitam hospital por exemplo me fazem rir e ficar feliz sem perceber. Músicas como Teatro Mágico, Nando Reis e Los Hermanos também, enquanto outros me fazem afundar em lágrimas, um exemplo grande disto é Nenhum de Nós, mas este tem explicação...
Pior que música é texto, pessoas que escrevem com muito sentimento e fazem a gente viajar total como o Carpinejar me levam pro meu nirvana particular e fico pensando e pensando e não paro enquanto não durmo, pessoas que escrevem de forma muito literal "hoje eu fui na casa da minha vó e vi um pintinho ai tirei uma foto com ele..." me deixam alegre, cada tipo de escrita me desperta um tipo de pensamento e até minha visão muda, fica mais clara ou mais escura.
Inexplicável. Eu fico esperando por horas a música certa chegar no mp4 como se eu não tivesse o poder de mudar direto pra ela. Espero terminar todas as coisas pra abrir a revista e ler de novo aquele texto que me faz feliz, como se eu não pudesse parar tudo na metade pra ler. E é assim, essas coisa que me tocam nesta fase de psicológico afetado que eu tô passando. Nem sei por que ainda escrevo. Espero não ter ninguém lendo, de verdade.

Música: Ana e o Mar - Teatro Mágico

17 de ago. de 2008

Fim

A coisa mais retardada que eu poderia fazer neste blog, é postar músicas. Mas hoje meu dia foi bom [/ironia] demais pra ficar escrevendo algo aqui. Até porque se fosse pra escrever algo era sobre morte e meu modo ateu de falar sobre morte ia assustaria todo mundo, provavelmente os poucos leitores que eu já não tenho me abandonariam mais ainda. Não quero escrever sobre isto e viver os mesmos quadros que viveu Nietzsche. Aliás, no caminho dele eu já tô. E se quer saber mesmo, hoje foi meu último dia de vida, quer dizer, era pra ser por culpa de uns (uma) não foi. E finalmente eu entendi essa música de verdade. E é assim...

A lua inteira agora é um manto negro
O fim das vozes no meu rádio
São quatro ciclos no escuro deserto do céu
Quero um machado pra quebrar o gelo
Quero acordar do sonho agora mesmo
Quero uma chance de tentar viver sem dor

Sempre estar lá
E ver ele voltar
Não era mais o mesmo
Mas estava em seu lugar
Sempre estar lá
E ver ele voltar
O tolo teme a noite
Como a noite vai temer o fogo
Vou chorar sem medo
Vou lembrar do tempo
De onde eu via o mundo azul

A trajetória escapa o risco nu...
As nuvens queimam o céu, nariz azul...
Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu
Na lua o lado escuro é sempre igual...
No espaço a solidão é tão normal...
Desculpe estranho, eu voltei mais puro do céu

Sempre estar lá
E ver ele voltar
Não era mais o mesmo
Mas estava em seu lugar
Sempre estar lá
E ver ele voltar
O tolo teme a noite
Como a noite vai temer o fogo
Vou chorar sem medo
Vou lembrar do tempo
De onde eu via o mundo azul...

Pode ter o significado que cada um imaginar, assim são as músicas ... Mas pra mim e o meu momento atual é só alguém que foi lá no céu e voltou contando como tá. "Quero acordar do sonho agora mesmo" é só o eu lírico querendo sair do "coma"... Nem vô analisar a música toda que eu não tô pra isso. Sem mais.

16 de ago. de 2008

Biquini Cavadão - Toda Forma de Poder

Eu presto atenção
No que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Yeah! Yeah!
Fidel e Pinochet
Tiram sarro de você
Que não faz nada
Yeah! Yeah!
E eu começo achar normal
Que algum boçal
Atire bombas na embaixada
Yeah! Yeah! Oh! Oh!...

Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...

Toda forma de poder
É uma forma de morrer
Por nada
Yeah! Yeah!
Toda forma de conduta
Se transforma
Numa luta armada
Oh! Oh!
A história se repete
Mas a força deixa
A história mal contada
Tada, Tada, Tada!
Tada, Tada, Tada!
Tada, Tada, Tada!
Tada, Tada, Tada!
Oh!...

Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...

E o fascismo é fascinante
Deixa a gente ignorante
E fascinada
Oh! Oh!
E é tão fácil ir adiante
Se esquecer
Que a coisa toda tá errada
Oh! Yeah!...

Eu presto atenção
No que eles dizem
Mas eles não dizem nada
Nada, Nada, Nada!
Nada, Nada, Nada!
Nada, Nada, Nada!
Nada, Nada, Não!...

Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça
Esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa
Talvez você passe por aqui
E me faça esquecer
Yeah! Yeah! Oh!
Yeah! Yeah! Oh!

13 de ago. de 2008

Eu até queria, e quero. Mas não vou querer mais.



Quando a escola vai afastando cada dia mais da realidade presente, e entrando pro passado. A faculdade deixa de ser um sonho e vai virando sua dor de cabeça, a saudade da sua escola de primário chega a ser tão grande que te faz chorar, seus velhos amigos que com total pureza te tratavam parecem ser os únicos importantes até hoje.
E todas amizades que por aqui você fez, vai deixá-las. E tudo o que você está fazendo, o pouco que tá construindo vai entrar como apenas uns dias a mais no seu passado, você não aceita de forma alguma viver num tempo que só dá pra sentir como se tudo fosse velho. E tudo de novo que vai acontecendo você tenta não dar importância, "daqui uns dias eu não vou poder estar aqui pra saborear as maçãs que estou plantando".
Ai... amigos, por que estes seres conseguem se tornar tão importantes? Apesar de não darmos valor correto muitas vezes, conseguem ultrapassar a opinião da sua familia e o amor que você tem pelo seu namorado. Amigos são seres especiais de uma luz branca envolta, por mais cretinos que sejam, por menos misericordiosos você sempre os ama, os pequenos e os grandes.
E devagarzinho você se sente soltando da mão de todos eles: amores, familia, amigos, infância, cidade, vizinhos, histórias repetitivas, círculos sociais, lugares que freqüenta, preocupações adolescentes, enfeites de quarto, fotos e do mais inesquecivel, seu colchão. Posso estar ficando louca, mas o colchão é o objeto que eu nunca quis trocar em meu quarto, troquei duas vezes por que me obrigaram, mas tenho sempre um motivo pra reclamar (um dia volto a falar dos colchões). O fato é que eles são importantes sulficientes pra nunca querer deixá-los.
Confesso, olhar pro lado e pensar estar olhando pra trás. Não sei aceitar presente como uma coisa que estou vivendo, este momento que escrevo penso estar lendo o texto já pronto. Escrevo como quem edita. Tive um forte desapego a família nestes últimos anos, talvez deles eu nem sinta a saudade incontrolável que minha irmã diz sentir. Mas penso também no contrário, talvez por não dar valor agora, eu sinta uma saudade com remorso. E me sinta morta!
Hoje quando me deparei pensando no colégio, percebi que apesar de odiar acordar as seis, não ir com a cara dos professores, odiar ter que estudar matérias que não modificarão minha vida, e detestar a falta de liberdade que tenho, na escola, por ser menor de idade, apesar disso tudo, a escola tão desgastante sempre foi meu segundo abrigo, não sei explicar isso, mas a escola tão desimportante pra mim é ao mesmo tempo minha base de vida.
E quando me vi afastando cada vez mais daquele quadro verde coberto de giz, daquele conforto que é sentar no pátio e encostar a cabeça no ombro alheio, e entrando de cabeça num mundo que o pouco que se passa não é com giz nem num quadro verde, e o conforto é deitar no gramado de frente ao prédio que você teve sua última aula... Me senti assim, sem o que apalpar. Por mais que lá eu tenha minhas amizades, minha "nova casa", novas festas, novas aulas e tudo novo. A minha vida mesmo é o que eu viverei até depois de amanhã. Até o dia que pra entrar na escola me cobrarem caderneta e eu ter que responder presente ao chamarem o número 18. Minha vida mesmo é enquanto eu tiver que dar satisfação de onde estive e com quem, só dura enquanto meus pais forem meu escudo de proteção.
Depois disso a vida é uma coisa muito mutável, eu vou escolher meu curso, meus amigos, não vou ter hora pra chegar, não vou precisar pedir permissão pra sair da sala de aula e ainda por cima vai ser só por uns tempos. São 4 anos, depois eu escolho uma cidade pra fixar, e vou arrumar emprego, e fazer tudo que meus pais fizeram e eu critiquei. Casar, que eu jurei não casar. Ter filhos, que eu jurei não ter. Não adotar crianças, que eu prometi adotar. E aquietar tudo de novo, terei uma vida autoritária, sem rumos daqui pra frente.
E toda liberdade que eu sempre tentei conquistar, vai vim de encontro à mim, num momento que não tei um corrimão pra me segurar. É estranho pensar que faltam bem menos de 1.000 dias pra tudo que eu sempre sonhei como digno, virar todos os meus problemas.

E passei o dia cantando: ♪ ó mãe, o amor que eu tenho por você é teu ♪

12 de ago. de 2008

Um caderno qualquer



Um caderninho murcho de tanto arrancar suas folhas de rascunho, capa grossa, folhas de papel reciclado e com ilustrações retiradas das Oficinas da Estação Especial da Lapa. Em sua contra-capa alguns versos rabiscados, e uma escrita da minha irmã. Coisas que me fizeram lembrar uma fase grande desta minha adolescência (até hoje) pertubada, como deve ser. De versos de música de propaganda à nomes de cantores, se compõem meus rabiscos na capa.
Foi neste mesmo caderno que tive dois ápices hoje, o primeiro: ao folear suas páginas encontrei marcado a data de aniversário de um amigo que morreu, foi o ápice baixo, o momento em que chorei lembrando de cada momento dos bons aos ruins que passei com ele, e reparei que pela primeira vez deixei passar despercebido a data de mais um aniversário de sua morte, ontem completou 1 ano e 6 meses que ele se foi. Foi realmente angustiante ficar lembrando de toda esta história.
Antes que terminasse de chorar continuei a passar as páginas e encontrei velhos poemas, e foi o ápice feliz. Alguns achados, poemas bons, outros péssimos (motivo pra risadas), tantas palavras riscadas e com outras sobrepostas. E por fim um livro que comecei a escrever, talvez nunca dê certo, mas foi feliz olhar de novo pra este passado. Foi sim!
Não sei porque resolvi contar esta história, acho que sempre que leio Carpinejar fico com esta vontade de contar os detalhes do meu dia.

Alguns versos rabiscado pelas páginas:

'Viva a vida, moça
Todo dia pode ser o último
E você dando tempo ao que é vento'


'Se me faz tanta falta é por que deixou de ser você
Pra ser parte de mim
E quando não te achava em mim
Me perdia em você'

'Entre tantos amores e rancores encontrei a maior de minhas dores'

E para minha surpresa uma mensagem àquele em quem tenho temosia em não acreditar, Deus.

Deus,
As coisas andam difíceis aqui em baixo. Resolveram democratizar o mundo, a moeda desta democracia é o que a torna não-democrática. A única ambição das pessoas é ter dinheiro. Ninguém quer fazer faculdade pra aprender sobre o que acha interessante, só querem um emprego.
Os sonhos não são mais os de encontrar você, não são de conquistar a paz, ou fazer um amigo novo, agora só pensam em uma casa confortável, um computador sofisticado e uma pele bonita.
E eu no meio disso tudo, fico perdida, se quero uma coisa simples, como um novo amigo, preciso de um telefone para falar com ele, e automaticamente me incluo nisso tudo.
Quando entendo como única saída de tanta desgraça: o exílio, percebo que não quero mais ficar aqui. Até porque qualquer outro lugar em que me exilasse não adiantaria.
Então te peço, ou me guia pra fora deste munto. Ou prova-me que tu existe e queime os Hereges.

Lílian

[fim da baboseira]



11 de ago. de 2008

Brasileiros




- Eu fiz um poema de dia dos pais (atrasado) que a praga do blogger não quer postar, então deixei salvo. Quem sabe dia dos pais do ano que vem ele resolve deixar que eu poste? Han han.
- Fiz um texto tão ruim que vim aqui editar ele apaguei ele inteiro e vou tentar fazer outro (sobre um outro assunto).

Foi deslumbrante descobrir uma nova revista, ainda recém-nascida e com futuro promissor nas mãos de Ricardo Kostcho, Hélio Campos Mello e tantos outros. Foi um amor à primeira vista, a nova forma de escrever totalmente espontânea, e com um sabor brasileiro que dava um 'quê' a mais, o jeito de mostrar lados deste país que ultrapassam a política e seus fracassos.
Então comecei a comprar todas, e adorava aqueles ínicios entusiasmantes de "encontrei com o professor tal tal num barzinho à luz baixa, e entre muitas risadas ele comentou que:". Enfim, tinha descoberto uma revista ideal pra mim, textos escritos de formas inovadoras, assuntos que saíam da ponte: política - economia - esporte.
Uma revista de grandes reportagens, que sempre prometeu: "Histórias bem contadas. Reportagens de tirar o fôlego. Mergulho numa imensidão de notícias que vão muito além do eixo São Paulo-Rio-Brasília".
Nem sei o porque do post, mas eu tinha que falar da revista, necessitava do desabafo. Haha


Status: Fui ler a Brasileiros.

Música do dia: A palo seco - Belchior
Livro do dia: 1968 - o ano que terminou (aliás este é o livro do ano)
Recomendação do dia: dormir

Pensar é uma arte

Pensar é uma arte, das trevas. Já fiz no minímo 5 textos hoje. E não to boa pra isso, apaguei todos e recomecei, só esta primeira frase se manteve aqui o tempo todo. Já falei da minha vida e apaguei, das minhas manias e de tudo mais. Quer saber? Se alguém veio aqui ler essa porcaria, vá se foder. Não acordei pra isso hoje.
Vidacú!

Oi!

Pela primeira vez eu sei por que fiz um poema, de fatos não-abstratos. De uma leitura realmente 'tudo-a-ver' com o poema eu resolvi fazer ele. É que eu percebi a melancolia do fim de cada ponto na vida das pessoas, pro ínicio de um novo. Tipo, troca de amizades, troca de namorados, troca de vida em geral. E todo mundo sente a mesma coisa quando troca, e em todas as trocas. Não adianta achar que: desta vez é pra sempre. E a gente nunca acha, só fala que acha pra ver se adianta. Ai eu peguei e fiz este poema tosco sem nome. Por isso o título: Oi!
haha. meu blog só piora

E ela se entrega por inteiro
Enfia de cabeça em qualquer situação
Aposta tudo, e não tem nada
Nem pra perder, e nem esperanças pra ganhar

Larga qualquer bobeira
E cai na nova vida
A menina perde a mordomia
É pura heresia

Amizade, amizade
Amor, amor
Vida, vida
Ela não grita mais por estes nomes
O que dura pra sempre é só a fome
De ter uma amizade,
Um amor,
E uma perfeita vida
Tudo que é pra sempre é falta de verdade.

um dia eu sei, que vão me bater por causa dos meus poemas idiotas. Mas pera lá, dexa eu postar mais coisas idiotas enquanto dá tempo de postar sem apanhar. HDSOAIUDHOAISUHd

6 de ago. de 2008

Os Insetos - Fernando Anitelli

Notas de um observador:

Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.

A futilidade encarrega se de “mais tralos’.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, “infértebrados”.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se


A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.

3 de ago. de 2008

Mastigo a minha mente
Cheia de idéias e manias
Ai que agonia!
Engulindo a solidão
Presa dentro de um vazio vão

E a mente é poesia
E de falsos passos se constrói uma monotonia
Ao som de um lento blues
Eu quero mente vazia

E mastigo a minha cara
Pintada no espelho de um cego
Bolero leve
O mundo é amarelo
O amor verde e vermelho

Qual a cor de tudo isso?
Qual a dor de quem pula um precipicio?

1 de ago. de 2008

Nem sei

Eu sou a cicatriz no peito da família, entre tantos católicos nasci atéia. Minha irmã é a filha estudiosa que sempre sonhou com o vestibular e hoje cursa jornalismo, a filha exemplo...
Eu não, sou a ovelha desgarrada aquela que fugiu e foram buscar, mas como já dizia Cazuza "Toda ovelha desgarrada ama mais, odeia mais, sente tudo mais intensamente". E é assim, vivo numa maré de poesia, quero a arte e só.
Gosto de ler, e me inspiro assim, viajo. Gosto de tudo quando estou bem, até das coisas chatas, é que tudo me traz certas emoções poeticas. Vivo dos impulsos, faço as coisas sem pensar se vou voltar, e pra consertar preciso que alguém faça isso por mim, não tenho coragem de tomar atitudes seqüenciais (culpa do orgulho), faço tudo de uma vez.E se espero alguem me procurar em vão entro em desespero e acabo falando merdas.
Tenho uma necessidade muito grande de contar o que acontece comigo, e de exagerar. E quando não acontece nada pra contar, eu invento e acredito nas mentiras que conto. É pela necessidade de poesia e de confessar, contar, explicar que fiz este blog. Um espaço que escrevo sem preguiça, fico feliz quando consigo contar algo aqui, e além de tudo treino redigir. Quando conto as coisas aqui, diminuo minha necessidade de ficar me explicando pra todo mundo, o que certamente irrita quem conversa comigo.
Nem sei.