26 de jun. de 2008

Dentro da minha cabeça, fora da realidade


É estranho pensar que neste momento longe do meu quarto, tudo que é meu vive uma realidade. Enquanto eu deito sobre a cama e penso sobre os mais variados assuntos, estes assuntos estão pensando em outros.
Enquanto penso no próximo jogo do meu time, os jogadores treinam. O mais complicado é pensar que eles treinam de verdade, eu consigo imaginar a cena deles treinando tranqüilamente, bola à gol, bola pro alto, correr em volta da quadra. O difícil é sentir. Da mesma forma que sinto o travesseiro afundado pela minha cabeça, ou o cobertor que me cobre. Não consigo sentir a bola sobre meu pé, não consigo apalpar os cones que tais jogadores correm em volta.
É estranho a mente humana, um verdadeiro cinema. Enquanto penso na prova de segunda-feira, imagino possíveis questões, meu aflito, a conversa na sala... crio uma imagem, vejo o rosto de cada um de meus colegas, ouço a voz da professora ecoando pela sala.
Saio totalmente da realidade, despercebo a voz da vizinha que entra pela janela, ou o ruído do computador ligado ao pé da cama.
Como posso imaginar alguém? Todas as pessoas que imagino têm suas imagens guardadas dentro da minha cabeça? E as pessoas que crio? Que imagino quando alguém tenta me descrever?
Essas imagens não-apalpáveis dentro da minha cabeça são estranhas, elas se tranformam em filmes, fotografias, quadros, idéias... outras vezes até em textos.
Imaginar para mim, é quase chegar ao nivarna, eu realmente vivo o momento que imagino, vivo a estrada que caminho no meu pensamento, vivo a aula que assisto deitada sobre a cama. Só não apalpo, não sinto o lápis escorregar em minha mão, não sinto mais nem o travesseiro afundado pela minha cabeça.
O pensamento me eleva. Saio da realidade, mas também não chego integralmente em outro mundo, deixo para trás o tato, sempre esqueço de levá-lo na bagagem. Ah idéias, que mal elas fazem. À que nirvana elas levam.

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