3 de jul. de 2008

Cazuza, meu grande ídolo


Estranho que meus ídolos também tiveram seus ídolos, e suas influências. Que chegam a ser minhas.
Tava lá ate outro dia, pra mim é outro dia e ainda não morreu, Cazuza. Tá na música, meu CD ainda roda, pra falar a verdade tenho vontade de dizer "o LP ainda roda" mas não peguei esta fase, infelizmente, porque o disco preto tinha uma melodia por si só. E ainda vou ter os meus.
Voltando ao Cazuza, talvez tenha sido minha primeira grande influência. O primeiro cantor que procurei ler as músicas, procurei sentir. Entendi. É verdade que todas as músicas lembram várias pessoas, mas a rebelde forma de escrever dele lembra muito minha antiga revolta comigo mesma. E foi ai que me apaixonei, quando descobri que apesar de não chegar nem aos pés, alguns de meus rascunhos lembravam "e não me importa que mil raios partam" ou outros trechos.
E foi ai que comecei a ter minhas influências, um pouco de Graciliano Ramos, com uma pitada de Cazuza, adicionada de Rita Lee, completada por Raul Seixas com o humor de uns e outros e a esperança de Carpinejar. E assim fui me formando, ainda falta muito para conseguir passar exatamente o que penso pro que escrevo, mas vou me adaptando.
O mais estranho mesmo é ver que assim como sou um resultado de tantas influências, minhas influências são influenciados resultantes. É estranho pensar que tão ilustres compositores, escritores, contistas... conseguiram misturar outros ainda melhores, ou misturando tão bons se tornaram melhores que suas influências. E chega um ponto que gostar de um cantor é gostar de todos que misturaram-se até gerar ele. Cheguei em um ponto que para gostar de Cazuza, penso que tenho que gostar da Som Livre inteira que freqüentava sua casa, e de tantos outros que ele só ouvia nos Lp's.
Comecei o texto a fim de falar de um texto do Cazuza em que ele fala um pouco de suas influências, mas por me perder em tantas lembranças da descoberta de um dos meus maiores ídolos, paro por aqui. Que é "pro dia nascer feliz".

"Desde pequeno fui tiete de todo o pessoal da MPB. Elis Regina sempre tava lá em casa. Eu acordava de noite para tomar água, e lá estavam na sala o Gil, Caetano, a Gal. A música popular inteira me pegando no colo. Os Novos Baianos acamparam lá em casa, dormiam, iam comer, porque na época eram fodidos, não tinham onde ficar, e meu pai estava produzindo o primeiro disco deles. Só fui curtir rock, Janis Joplin, meus ídolos dos Rolling Stones, lá pelos 14 anos, quando dei uma pirada. Mas antes, o máximo que curtia era coisas do tipo 'Alone again naturally', água com açúcar. Nessa época aos 14 anos, passei umas férias em Londres com um primo mais ajuizado. E foi mais uma abertura. Então passei a ouvir Janis Joplin o dia inteiro. Quando comecei a compor, acabei misturando tudo isso. Do menino passarinho com vontade de voar (Luiz Vieira) a Janis Joplin. Mas com uma diferença. A dor-de-cotovelo da MPB, mas dando a volta por cima. 'Ah, você não gosta de mim? Então, foda-se também, eu estou aqui e sou mais gostoso.' O rock da turma nova veio amenizar o lance down, meio negro, de Lupicínio, do pessoal da antiga, que era a falta de esperança no amor. O importante não é cantar a perda, mas o amor. Afinal, como dizia Dalva de Oliveira, 'o amor é o amor'." (Cazuza)

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